Livro conta história da batalha contra a febre amarela em São Paulo
Do fim de 2016 até o início de 2018, enquanto o Brasil enfrentava a mais intensa epidemia de febre amarela silvestre desde 1980, um grande número de cientistas, agentes públicos e profissionais da saúde realizou um esforço épico, longe dos olhos do público, para deter o avanço da doença.
Agora, um novo livro narra como o Estado de São Paulo, com uma estratégia ousada, atuou nessa batalha travada simultaneamente em laboratórios, ruas e florestas.
Lançado no fim de dezembro, e disponível para download gratuito, o livro “O combate à febre amarela no estado de São Paulo – História, desafios e inovações”, do jornalista Carlos Fioravanti, descreve a complexa e multifacetada gestão da epidemia em território paulista – que envolveu prevenção, vacinação, mitigação dos casos graves e mortes – e revela o papel central da pesquisa científica no combate à febre amarela.
De acordo com Fioravanti, a epidemia de febre amarela de 2017 e 2018 no Brasil foi a mais bem documentada e investigada cientificamente até hoje. Com mais de 1.200 casos confirmados e 415 mortes, foi também a mais avassaladora dos últimos 40 anos. Registrar a história dessa batalha, porém, poderá ajudar a transformá-la em uma ferramenta a ser utilizada pelos gestores e técnicos em outras emergências de saúde pública. “Essa epidemia revelou muitos diplomatas e guerreiros, verdadeiros heróis anônimos.”
“Foi uma epidemia muito rápida, que exigiu uma ação igualmenterápida em um esforço coletivo muito bem coordenado. Essa ação avançou por áreas novas e os pesquisadores de São Paulo desenvolveu algumas inovações que, para nossa sorte, deram certo”, disse Fioravanti a Direto da Ciência.
Especialista com larga experiência na cobertura jornalística de ciência, Fioravanti é um dos editores especiais da revista Pesquisa Fapesp. Ele conta que o livro foi encomendado pelo Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.
“A proposta era contar toda a história de como se fez a gestão da epidemia de febre amarela em São Paulo. O livro mostra como as ações foram desenvolvidas a cada momento, desde o aparecimento dos primeiros casos isolados em 2016, passando pela chegada do vírus à capital e depois ao litoral paulista, até o fim da epidemia”, explicou Fioravanti.
MAPA EPIDEMIOLÓGICO
Uma das ações mais importantes, segundo Fioravanti, consistiu no desenvolvimento de um mapa epidemiológico. Com ele, os cientistas puderam prever para onde o vírus se deslocaria, o que permitiu focalizar a vacinação nas áreas que seriam atingidas em seguida – algo crucial, já que o número de doses disponíveis era limitado e uma epidemia em uma cidade populosa como São Paulo poderia ter consequências trágicas.
“O mapa foi fundamental para que o pessoal da vigilância epidemiológica planejasse a vacinação apenas em áreas de risco, sem ter que vacinar toda a região, como sugeria o Ministério da Saúde”, disse o autor.
Segundo Fioravanti, uma das características mais relevantes das estratégias de combate à febre amarela durante a epidemia – também crucial para a elaboração do mapa epidemiológico – foi a extrema atenção conferida às mortes de macacos. O acompanhamento das mortes desses primatas revelou as rotas preferenciais, a velocidade de deslocamento do vírus e as prováveis áreas de risco de transmissão.
“Quando começaram a surgir macacos mortos na região adjacente a Campinas, por exemplo, já se sabia o ritmo do avanço do vírus. A avaliação foi de que o vírus não chegaria à área urbana se a vacinação fosse focada na população nas bordas da cidade, antes da chegada do vírus. Eles assumiram essa hipótese e deu certo. Foi um trabalho pioneiro que funcionou em grande medida por conta da mobilização dos agentes municipais, que aplicam as vacinas”, disse Fioravanti.
INOVAÇÕES
Além do planejamento de campanhas de vacinação antes da chegada do vírus, a estratégia paulista contou com a implantação da técnica de PCR (sigla em inglês de reação em cadeia da polimerase) em tempo real, que permitiu a comparação de centenas de linhagens genéticas de vírus e, a partir daí, seus deslocamentos, introdução ou reintrodução em novas áreas.
Uma das inovações surgidas durante a epidemia – adotada em São Paulo e em outros estados –, foi a estratégia inédita de vacinação com dose fracionada, no momento em que a produção de vacinas não se mostrava suficiente para atender à demanda.
Outro avanço científico obtido durante o esforço de combate à epidemia em São Paulo consistiu em testar a eficácia do transplante de fígado em casos muito graves, de acordo com um dos autores da apresentação do livro, Marcos Boulos, responsável pela Coordenadoria de Controle de Doenças, e Regiane de Paula, diretora de Vigilância Epidemiológica.
HERÓIS ANÔNIMOS
“Podemos também entender essa epidemia como um campo em que a ciência evoluiu apresentando novas hipóteses e cobrando estudos para respostas a perguntas que haviam sido relegadas a segundo plano, como é comum em se tratando de doenças negligenciadas”, escreveram os apresentadores. “Entre as hipóteses, destacamos a eficácia do transplante de fígado para os casos graves da doença, com risco de morte iminente, São Paulo viveu a experiência inédita no mundo.”
Segundo Fioravanti, todas essas estratégias e inovações somaram-se à “organização, articulação entre as equipes, decisões rápidas e fundamentadas em informações de campo, reconhecimento de competências, ousadia, criatividade e estratégias de comunicação transparentes.”
“A soma de competências, de excelência científica e de agilidade nas respostas foi fundamental na ação pública contra a epidemia. Foi bastante impressionante ver funcionar essa engrenagem complexa”, disse o autor.
FÁBIO DE CASTRO
Foto James Gathany/CDC
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