LITERATURA DE CIRO PINHEIRO - Bunda não é palavrão – Por: Ciro Pinheiro*

Por: Redação dia: 25/03/2025 09:23:59 na Categoria: Literatura

Sobre a minha própria, coitada, repito… "E para falar a verdade, tão pouco ligo para ela, pois sequer a conheço pessoalmente"

 

 

PORTO VELHO – “O que abunda, não prejudica.” – Este é um trocadilho muito usado, principalmente por funcionários públicos, quando querem, com dinheiro do povo (conhecido, também, como erário), comprar coisas que não estão necessitando, além do que precisam. A abundância, entretanto, não é o tema proposto, no momento. É, sim, a Bunda. Simplesmente, a bunda. A nossa, assim como determinou a professora. Aquilo que aparece em inglês com um nome esnobe de “buttock” e que o Mestre Aurélio diz ser “a parte carnosa do corpo formada pelas nádegas”. O nome é, também, usado para definir o indivíduo ordinário, o “bunda suja” ou, então, aquele abestado que não desfilou na banda e ficou com “cara de bundão”.

Bunda não é palavrão. Não considero assim. Palavrão deveria ser calcanhar, cotovelo, omoplata, espinhaço, bochecha, sovaco e outros nomes horrorosos que identificam partes do nosso corpo, ou, então, aquele profissional que cuida dos nossos olhos e adjacências, conhecido como otorrinolaringologista. Um bonito palavrão! Nunca, jamais, aquela parte tão simetricamente dividida, reluzente e rebolativa das mulatas do samba, aquela parte tão perfeitamente desenhada em justa proporção e harmoniosamente separada pelo estético, tão admirado e desejado fio-dental; a nem sempre cheirosa bundinha do bebê novinho e, tantas outras que andam por aí, desejadas, apreciadas e admiradas.

Vagabunda, furibunda, nauseabunda e até moribunda são nomes que poderiam ser classificados, também, como palavrão. Bunda, jamais, até porque ela sempre foi uma peça cantada em prosa e verso por poetas, escritores e compositores, em obras, muitas delas de sucesso. Outros tipos? Existem, sim, podemos identificar e citar bundas menos votadas, mas que têm lá o seu valor. O sisudo, por exemplo, circunspeto e sério traseiro do respeitável senhor, sempre coberto pela famosa e atualmente pouco usada cueca samba-canção, sucessora da antiquíssima e já extinta ceroula; a sempre oculta e pudicamente encoberta por opacos panos branquíssimos, que sustentam e acompanham passos lentos das freiras em corredores de conventos, aquelas que nunca, jamais, viram a luz do sol; a sem-vergonha e pecadora, usado, abusado equipamento das “meninas alegres” que, saltitantes, circulam pelas avenidas e praças da cidade; a volumosa e avantajada da robusta lavadeira Raimunda e tantas outras, grandes pequenas, magras, gordas, redondas, quadradas, triangulares, retangulares, achatadas e machucadas, penduradas.

– E porque somente a dos outros? Perguntarão. Mas a minha? Como mandou a mestra: Coitada… sofrida pelo tempo, desnutrida e amassada, pelo senta-levanta-senta-levanta do dia-a-dia, que começa cedinho na hora do café, continua no assento (mais macio) do carro e assim prossegue, com pouquíssimos minutos de relaxamento, durante todo o dia.

Do carro para os bancos duros, de plástico, do ônibus na viagem diária da Unir, depois para os bancos, também desconfortáveis da escola, terminando o sofrimento nas cadeiras duras de ripa de pau, do jornal, que deixam marcas doloridas e irrecuperáveis, isso quando não aparece alguma reunião noite adentro, sem intervalo, até a boa hora da cama, um prêmio incomparável. Coitada, repito… E para falar a verdade, tão pouco ligo para ela, pois sequer a conheço pessoalmente. Jamais parei para lhe dar um pouco de atenção e nunca tive o menor interesse em dar uma olhadinha através do espelho para ver suas “feições”. É uma pena. Talvez isto aconteça porque ela fica o tempo todo para trás. Não é dada, a ela, a menor importância. Mas ela é quem resiste ao nosso peso e serve de apoio, como um bom travesseiro, para que o nosso corpo se sinta bem acomodado e em repouso no trabalho, na escola, no carro e em outros lugares onde exista um assento para o nosso descanso. E viva o sentinela de quartel e o guarda de banco, que sabe, como ninguém, dar o devido valor que a bunda tem, dando o dia inteiro de descanso às suas nádegas. As nádegas que vulgarmente podem ser chamadas de padaria, poupança, traseiro, bumbum e até de bunda.

Extraído da coluna "Banzeiros", do Zé Carlos Sá


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