
A capital rondoniense vai acolher, entre os dias 13 e 15 de novembro, a segunda edição do evento “O Divino em Porto Velho”, que traz para o centro urbano uma das mais antigas e importantes manifestações de fé e cultura do Vale do Guaporé.
A festividade tem origem secular na romaria fluvial da Festa do Divino Espírito Santo do Vale do Guaporé, que reúne comunidades quilombolas, indígenas, ribeirinhas e colonos bolivianos às margens do Rio Guaporé, fazendo da devoção ao Divino Espírito Santo um elo intergeracional e transfronteiriço.
Tradição, fé e resistência cultural
A Festa do Divino do Vale do Guaporé foi oficialmente reconhecida como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do Estado de Rondônia, por meio da Lei n.º 5.252, sancionada em 11 de janeiro de 2022.
Na segunda edição do evento em Porto Velho, o destaque é a valorização desta herança cultural viva — especialmente por meio da tradição do “Corte Negra”, com mais de 127 anos de existência, que simboliza o elo entre o sagrado e o popular.

Programação e envolvimento comunitário
A programação é extensa e plural, envolvendo tanto manifestações artísticas e populares quanto momentos de reflexão e memória. No dia 13, por exemplo, haverá passeio histórico pela cidade, peregrinação saindo da Igreja São Vicente Pallotti em direção à Igreja do Divino Espírito Santo, seguida de sessão de cinema temática. No dia 14, destaque para atividades em escolas, entrega de livro e cantata noturna. O encerramento no dia 15 prevê cerimônia religiosa, apresentações culturais e a mostra “Encontro das Coroas” — que reúne acervos de romarias das décadas de 1980 a 2000.
Significado para Porto Velho e o Vale-do-Guaporé
Para a cidade de Porto Velho, receber o evento representa mais do que uma mostra cultural: é um convite ao diálogo com as raízes dessas comunidades que, muitas vezes, permanecem à margem dos centros urbanos. A capital torna-se palco de resistência cultural, reafirmando identidades e visibilizando povos que vivem no Vale do Guaporé.
Para as comunidades envolvidas, trata-se de reafirmar sua história, religiosidade e memória — mantendo viva uma tradição que atravessa gerações. O evento também fortalece o propósito de reconhecimento federal dessa celebração como patrimônio imaterial, garantido por mecanismos como o inventário conduzido pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Desafio e futuro
Embora reconhecida em âmbito estadual, a Festa do Divino do Vale do Guaporé ainda busca o reconhecimento nacional como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. Esse passo é visto como fundamental para a continuidade da tradição, para a valorização das comunidades e para o turismo cultural na região. T
Além disso, o evento evidencia o desafio de manter vivas tradições que ocorrem em áreas remotas, frente a mudanças sociais, ambientais e urbanas. Transportar essa cultura para Porto Velho significa também aproximar diferentes públicos e estimular o engajamento da sociedade urbana com a riqueza cultural amazônica.
Com exceção de qualquer editoração adicional, a realização de “O Divino em Porto Velho” promete ser uma celebração marcante da fé, da cultura e da identidade dos povos da fronteira Brasil-Bolívia — uma festa que une rio, romaria e resistência.
Fonte: notíciastudoaqui.com