O mundo cibernético e o abismo de nossas crianças
Na Grécia antiga, dividida que estava entre Esparta e Atenas, a humanidade encontrou as reais sementes da educação no mundo ocidental.
As crianças de Atenas eram educadas para as questões transcendentais, nelas englobando o ensino das ciências, das artes e da Filosofia.
Não é por acaso que ali nasceram os filósofos Aristóteles, Platão, Sócrates, Tales de Mileto, Pitágoras, Parmênides, Demócrito, Heráclito, Epícuro, Xenófanes e outros, cujos pensamentos vararam os tempos e chegaram ao mundo moderno.
Aristóteles, por exemplo, influenciou toda a “Escolástica”, de São Tomás de Aquino – pensamento cristão da idade média – gerando o chamado sincretismo aristotélico, ou seja, a fusão de diferentes doutrinas.
Sabe por quê? Porque em Atenas, principalmente na época de Péricles, a maior personalidade política do século V, antes de Cristo, as crianças eram cuidadas como jóias raras, brilhantes, que se esculpiam no imaginário do universo.
Já os Espartanos, uma sociedade de caráter altamente militarista, tratava as crianças como futuros soldados, moldadas apenas para a guerra. Esparta pontificou-se como a senhora das guerras. Dir-se-ia que Esparta petrificou-se no tempo.
Nesta breve viagem pela história, indaga-se: qual o legado de Atenas e qual o de Esparta? De Atenas, a mais expressiva herança cultural do mundo ocidental; de Esparta, a melhor característica de uma aristocracia guerreira.
Moral da história: Atenas cuidava do espírito, Esparta do rigoroso treinamento físico dos jovens. Embora com visões diferenciadas, vê-se que ambas as cidades não se descuidavam da rigorosa educação de suas crianças.
Como se observa, a educação dos “meninos”, desde o mundo antigo, faz parte do esforço família/Estado.
No Brasil, em passado recente, vários educadores se preocuparam com o “saber” da criançada. Paulo Freire (1921-1997), por exemplo, foi um profundo estudioso do tema, e implantou por aqui o método de compreensão da alfabetização a partir de palavras-chaves.
Maria Montessori (1870-1952), italiana de nascimento, com sua “Pedagogia Científica”, deixou como legado a ênfase na liberdade com limites, autonomia e respeito pelo desenvolvimento natural das habilidades físicas, sociais e psicológicas das crianças.
Deduz-se ainda desse pequeno repasse histórico, que a formação das crianças e dos jovens é o que determina o futuro das nações.
Os orientais, pelo que se tem notícia, principalmente japoneses e coreanos, mudaram o curso de suas histórias com a massificação do ensino básico e do fundamental. Nação sem educação é como as sentenças de juízes sem fundamentação, isto é, um sino sem badalo.
Já nas escolas brasileiras, ensina-se apenas o trivial aos alunos, e nos dias atuais, professores que se dizem “politicamente antenados”, contrariam a vontade do Criador e incutem na cabeça das crianças os ensinamentos do estilo “sexual liberal”, fundamentado na novíssima “Ideologia de Gênero”, onde se diz que “ninguém nasce menino ou menina”, e o sexo é uma “construção social”. Ora, isto confunde a cabeça dos pimpolhos que ficam a se perguntar. “Eu João, eu sou Maria”?
Meu Deus!
Aduzindo-se a esse terror, estamos ainda pendurados em uma quadra ainda mais conflitante e perigosa: o celular e os jogos eletrônicos. Eles ceifaram o pensamento dos adultos e alienaram as crianças. Jamais, em tempo algum, houve tanto sequestro à dignidade dos pequenos, sem conta de todos nós.
A revolução cibernética, através da Internet, criou um mundo virtual à parte, onde, sem a supervisão de professores e por descuido dos pais, as crianças embora naveguem livres na grande rede, estão presas, enfurnadas em seus quartos e, nas escolas, alheias ao que o professor ministra.
E nesse diapasão, já não há mais tempo para utilização da caneta e do lápis. É difícil reconhecer-se a caligrafia dos “jovens-cibernéticos”. Na verdade, eles já se transformaram em semi-robôs.
A fartura de informações os conduz a “deusificarem-se” nos jogos de guerra e de morte, onde ora são heróis, e ora seres extraterrestres, com olhos de furor para matar e vencer a guerra.
Nesta análise, ainda que superficial, de um tema tão complexo, praza aos céus que as autoridades, as famílias, as religiões, em conjunto, encontrem fórmulas capazes de voltar ao passado e sermos Atenas, de preferência, ou Esparta, mas que cuidemos com mais rigor dos nossos filhos.
Que haja, por fim, nessa luta, uma cumplicidade com Deus para salvar as crianças, antes que as gerações futuras se transformem em um mundo de leprosos cibernéticos, de sexualidade indefinida, tendo como desiderato o isolamento nas modernas masmorras da insensatez humana.
Que haja VIDA com HUMANIDADE.
AMÉM!
*Arimar Souza de Sá é jornalista, cronista, radialista, advogado, e diretor do Rondonoticias
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