Fla joga de igual para igual e surpreende quem esperava massacre. Torcida aplaude. Há mais rivais carentes alegres do que rubro negros tristes

Liverpool um, Flamengo zero, gol de Firmino aos quatro minutos do primeiro tempo da prorrogação, em Doha, no Qatar.

Liverpool, o melhor time do mundo, é campeão mundial de clubes de 2019.

Nada mais justo e merecido do que a imagem da sequência de aplausos da torcida do Flamengo para a equipe no final da partida.

Apesar de todos os fatores que consolidavam o amplo favoritismo do time inglês, o rubro negro não se acovardou e, com extrema dignidade, encarou o adversário de igual para igual.

O Liverpool começou o jogo melhor, pressionando o Flamengo e perdendo duas oportunidades logo nos primeiros minutos.

Mas, a partir dos 20 minutos, o time brasileiro se encontrou em campo, acertou a marcação e terminou a primeira etapa um pouco melhor do que o adversário. Se saísse para o intervalo em vantagem não seria um absurdo.

No segundo tempo, o desgaste de um Flamengo em sua 76ª partida, em fim de temporada, ajudou a fazer a diferença a favor de um Liverpool em meio de jornada, somado às indiscutíveis qualidades técnicas e de preparação do time inglês.

A partir dos 20 minutos do segundo tempo, o Liverpool encurralou o Flamengo no campo de defesa do time brasileiro.

O técnico rubro negro, Jorge Jesus, poderia ter esperado um pouco mais para tirar Arrascaeta e Everton Ribeiro, embora os dois não estivessem bem.

Deu azar com Vitinho, que não entrou bem na partida. A substituição do meia Gerson pelo atacante Lincoln, após o gol de Firmino, foi até óbvia diante do cenário de um time que precisa empatar ou virar uma partida.

Por outro lado, o português Jorge Jesus, além do mérito avassalador por toda a temporada brilhante do Flamengo, merece também elogios por ter conseguido fazer sua equipe acreditar – e praticar – um jogo digno e equivalente com a melhor equipe do futebol atual. Poderá fazer ainda mais pelo Flamengo, mas, apenas pelo trabalho em 2019, já entrou para a história do clube e o coração de seus torcedores.
 
O mundo e os torcedores rivais do rubro-negro esperavam a vitória dos Reds com alguma folga.

O Liverpool investiu 564 milhões de euros para montar a equipe considerada hoje a mais talentosa e bem definida do planeta.

Mais de oito vezes e meia os 65 milhões de euros gastos pelo Flamengo na equipe que dominou a América em 2019.

No futebol atual, ir da Terra para Saturno é atravessar o Atlântico.

E essa distância, e do que ela produz de diferença, sempre esteve clara ao se comparar o Liverpool mesmo com a excelente e premiada equipe rubro negra.

O Flamengo perdeu para o melhor time do planeta – mas tem muito espaço, hoje talvez mais do que qualquer outro time brasileiro, para crescer e voltar a novas disputas mundiais.

Em Doha, no Brasil e no mundo, torcedores do time brasileiro reconheceram e aplaudiram.

Claro que queriam e ficariam felizes com o título se ele viesse, mas certamente hoje há mais rivais carentes alegres do que rubro negros tristes.

Parabéns Flamengo, o melhor das Américas.

Parabéns Liverpool, o melhor do mundo, agora com seu primeiro título mundial.

Fonte: R7