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O sonho de todo atleta olímpico é contemplar a bandeira de seu país e ouvir o hino nacional do lugar mais alto do pódio durante o evento mais importante do esporte mundial. Mas a delegação da Rússia não poderá sentir esta emoção nos Jogos de Tóquio.
Isso ocorreu por causa de uma punição imposta pela Agência Mundial Antidoping (Wada) e depois mantida pela Corte Arbitral do Esporte (CAS) ao país após uma longa investigação sobre casos de doping.
Os órgãos concluíram que autoridades do país e a Rusada (Agência Antidoping da Rússia) não só não colaboraram nas investigações como chegaram a adulterar um banco de dados de um laboratório antes de disponibilizar os testes para análise da Wada.
Como resultado, a Rússia foi inicialmente proibida de participar por quatro anos das principais competições esportivas do planeta, inclusive a Olimpíada. Em dezembro de 2020, a CAS reduziu a sanção para dois anos, mas não o suficiente para permitir que a delegação do país fosse para Tóquio em condições normais.
A Rússia virou “ROC”
O banimento da Rússia não quer dizer que não há atletas russos nos Jogos de Tóquio, pelo contrário. Trezentos e trinta e cinco atletas nascidos no país foram liberados para a disputa da Olimpíada porque não tiveram qualquer envolvimento com doping.
No entanto, não estão permitidas referências à Rússia – seja o nome do país, a bandeira ou até mesmo o hino nacional. Em fevereiro de 2021, o COI (Comitê Olímpico Internacional) autorizou que o grupo disputasse a Olimpíada sob a sigla ROC, que significa Comitê Olímpico Russo.
A bandeira dos russos em Tóquio tem o símbolo do ROC – três chamas nas cores branca, azul e vermelha, assim como na bandeira do país, e abaixo os cinco anéis olímpicos.
Vale lembrar que competir sem o nome e a bandeira russa não é novidade para muitos atletas do país por causa das punições por doping nos últimos anos. A regra já valeu, por exemplo, nos Jogos de Inverno de 2018 em Pyeongchang, na Coreia do Sul.
Sob uma bandeira neutra, um total de 168 atletas russos participaram do evento e conquistaram 33 medalhas, sendo 13 de ouro.
Qual é a música que substitui o hino russo?
Com nome e bandeira definidos, faltava definir qual seria o hino da delegação russa em Tóquio.
Em abril de 2021, o COI aceitou que um trecho do famoso concerto para piano e orquestra nº 1 do compositor russo Tchaikovsky fosse tocado em homenagem aos russos que subirem ao lugar mais alto do pódio. Trata-se de um clássico que muitas pessoas reconhecem já no início. Confira abaixo:
Antes disso, a primeira escolha da Rússia para a Olimpíada, a canção folclórica patriótica Katyusha, foi recusada em virtude de uma cláusula na punição de dezembro que aponta que a equipe não poderia usar "nenhum hino ligado à Rússia".
Svetlana Romashina, do nado sincronizado, falou sobre a situação antes da viagem ao Japão. "Aconteceu de termos que nos apresentar sem a bandeira russa e sem o hino russo que poderíamos cantar alto e em uníssono. Mas o mais importante é que torcedores russos e torcedores de todo o mundo saibam qual país representamos.”
Punição se estende para a Copa do Mundo de 2022
A decisão da CAS sobre a Rússia será aplicada em qualquer competição organizada por entidades signatárias do código da Wada. Este é o caso da Fifa, por exemplo, que organiza a Copa do Mundo de Futebol.
Como a punição acaba apenas em dezembro de 2022, a Rússia não poderia usar seu nome, hino e bandeira no Mundial do Catar, que começa em novembro do ano que vem, caso se classifique – a não ser que algo mude até lá.
Neste momento, a Rússia é segunda colocada do Grupo H das Eliminatórias Europeias, o que lhe daria uma vaga na repescagem. A seleção soma seis pontos, mesmo número da líder Croácia, após três rodadas disputadas. Eslováquia, Eslovênia, Malta e Chipre também estão na chave.
Por outro lado, a Rússia jogou a Eurocopa de 2020 (e realizada em 2021 por causa da pandemia) em condições normais porque a UEFA, entidade que organizou o torneio, não está submetida à Wada. A cidade de São Petersburgo inclusive foi uma das sedes da competição.
(bandsports)