
A crise do recolhimento de lixo em Porto Velho, que já ultrapassa duas semanas, evoluiu para um dos episódios mais graves da gestão de resíduos sólidos na capital. Com montanhas de lixo acumulado, urubus espalhados pela cidade, falhas operacionais sucessivas e embates jurídicos que travam decisões, a população enfrenta um cenário de abandono urbano e risco sanitário crescente.
Linha do tempo da crise
• Primeiros dias — Início do contrato emergencial
Após o fim do contrato anterior e diante da necessidade imediata de continuidade da coleta, a Prefeitura firmou um contrato emergencial com o Consórcio EcoPVH. Nos primeiros dias, a empresa apresentou dificuldades logísticas e operacionais, como poucos caminhões disponíveis e equipes despreparadas.
• Uma semana depois — Acúmulo começa a se espalhar
Bairros inteiros passaram a relatar que o lixo não vinha sendo recolhido. Redes sociais se encheram de fotos de sacolas espalhadas, mau cheiro e urubus circulando entre casas e comércios.
• Dez dias de crise — Intervenção mais dura da Seinfra
Diante das reclamações, a Secretaria Municipal de Infraestrutura intensificou a fiscalização e contabilizou mais de 400 ocorrências de falhas nos serviços da
• Duas semanas — Situação se agrava e prefeitura abre processo
Com os problemas fugindo do controle, a Prefeitura abriu um processo administrativo que pode aplicar multa de até R$ 753 mil ao consórcio — e ainda prevê medidas mais severas. Enquanto isso, a coleta segue irregular mesmo com reforço de equipes.
Impactos sanitários e ambientais
Com o acúmulo de lixo por mais de 15 dias em algumas regiões, Porto Velho experimenta um cenário de risco sanitário raro para as capitais brasileiras.
• Proliferação de urubus e animais vetores
Os urubus se multiplicaram em vários pontos, principalmente na Zona Leste e na região central. Além deles, cães, gatos, ratos e insetos passaram a circular mais intensamente entre os resíduos.
• Risco de doenças
Autoridades em saúde alertam para o aumento da possibilidade de:
- leptospirose
- intoxicações
- contaminação de alimentos
- infecções bacterianas e virais
• Mau cheiro e degradação da paisagem urbana
Empresas e comerciantes relatam queda de movimento em áreas onde o lixo se acumula na porta de estabelecimentos.
Reação dos moradores
A paciência da população se esgotou. Em diversos bairros, moradores relatam:
- lixo acumulado há 15 dias sem recolhimento
- sacolas rasgadas por animais
- restos de comida espalhados nas ruas
- vermes surgindo perto de calçadas e portões
- sensação de abandono e indignação
Vários vídeos circulam mostrando caminhões que não passam, equipes que não completam o percurso e lixo acumulado ao redor de escolas, unidades de saúde e áreas comerciais.
Análise do contrato emergencial e dos embates jurídicos
A contratação emergencial da EcoPVH é um dos pontos centrais da crise. O contrato deveria garantir imediata continuidade do serviço, mas desde o início revelou fragilidades operacionais.
O impasse se agravou porque:
- órgãos da Justiça emitiram decisões conflitantes, ora permitindo, ora questionando o contrato;
- há análises sobre possível irregularidade no processo emergencial;
- o Ministério Público acompanha o caso e cobra providências;
- A Prefeitura afirma que não há alternativa imediata para substituir a empresa sem agravar ainda mais o caos.
Enquanto isso, a gestão municipal e a empresa travam uma batalha de responsabilidades, a Prefeitura alega descumprimento contratual e a EcoPVH afirma que enfrenta dificuldades de adaptação e adequação logística.
O que pode acontecer agora?
A crise tende a se estender, mas três cenários estão na mesa:
1. Multa e continuidade do contrato
A Prefeitura pode multar a empresa e exigir reforços urgentes — a curto prazo, é a alternativa mais provável.
2. Rompimento do contrato emergencial
Se a situação piorar, Porto Velho pode quebrar o contrato e buscar outra empresa — o que levaria dias ou semanas para normalizar o serviço.
3. Intervenção judicial mais rígida
O Ministério Público ou a Justiça podem determinar ações imediatas, como intervenção operacional ou suspensão do contrato.
Por fim, Porto Velho vive uma das piores crises de limpeza urbana de sua história. O acúmulo de lixo, o avanço de urubus e o impasse entre Prefeitura, empresa e Justiça criaram um colapso que afeta o cotidiano da população, ameaça a saúde pública e expõe falhas graves na gestão de resíduos.
Fonte: noticiastdoaqui.com