Redação, Porto Velho, RO, 1º de setembro de 2025 – Rondônia registrou a maior redução na oferta aérea do país na última década: queda de 56% no número de voos e 46,5% na quantidade de assentos disponíveis em rotas domésticas, segundo análise divulgada pela PanRotas e pelo Instituto Escudo Coletivo.
Queda histórica na malha aérea
- Em 2015, o estado registrava 6.017 voos domésticos; em 2025 esse volume caiu para cerca de 2.650 — redução de 56%.
- A oferta anual de assentos disponíveis recuou de 788.158 para 421.626, uma diminuição de 46,5%.
O cenário coloca Rondônia no fundo do ranking nacional, contrastando com outras unidades da Federação como Acre e Roraima, que registraram crescimento nos assentos — 7,1% e 16%, respectivamente.
Bilhetes mais caros, rotas escassas e duração maior
O movimento é resultado de decisões estratégicas das companhias aéreas de cortar operações no estado, segundo fontes ligadas à defesa da população. O impacto se reflete em:
- Aumento nos preços das passagens;
- Escassez de voos diretos e horários reduzidos;
- Necessidade de múltiplas conexões, estendendo a duração das viagens.
Relatos apontam que eventos locais e profissionais tiveram seus compromissos prejudicados pela instabilidade.
Causas alegadas: crise financeira e reestruturação das empresas
A Azul Conecta anunciou cortes de voos no interior do estado, incluindo rotas entre Ji-Paraná, Porto Velho e Cuiabá, como parte de um processo de recuperação judicial nos EUA. A justificativa inclui alta do dólar, custos operacionais elevados e crise na cadeia global de suprimentos.
Ações de resposta e apelo por intervenção
O Instituto Escudo Coletivo, a DPU e o MP-RO ingressaram com ação civil pública na Justiça Federal contra a crise aérea. A iniciativa contesta o corte de voos, discute tarifas abusivas e exige retorno mínimo da malha aérea.
Enquanto isso, a OAB-RO tomou protagonismo na defesa dos consumidores. A seccional protocolou denúncias no TCU, convocou empresas aéreas à audiência pública e pleiteou extensão da atuação da ANAC e do Procon na fiscalização da aviação no estado.
Consequências para Rondônia
A redução drástica da malha aérea impacta diretamente:
- O deslocamento de viajantes por motivos de trabalho, saúde ou lazer;
- A logística de entrega de bens e serviços, encarecendo produtos e serviços;
- O desenvolvimento econômico local por isolamento regional.
Quadro comparativo
Indicador | 2015 | 2025 | Variação |
---|---|---|---|
Voos domésticos | 6.017 | 2.650 | –56% |
Assentos disponíveis | 788.158 | 421.626 | –46,5% |
Desafios e expectativas
A crise aérea exige ações governamentais urgentes e iniciativas regulatórias concretas. A sociedade civil pede:
- Estabelecimento de metas de oferta mínima de voos;
- Transparência comercial e tarifária junto à ANAC e ao Judiciário;
- Criação de medidas compensatórias para evitar o avanço da exclusão regional em serviços essenciais.
Conclusão
O quadro atual coloca Rondônia como a unidade da Federação mais afetada pela retração na aviação regional. A exclusão da malha aérea desequilibra não apenas o transporte, mas compromete o acesso à saúde, serviços, negócios e direitos básicos. A mobilização institucional — dos órgãos de justiça e da sociedade civil organizada — representa uma resposta fundamental a um problema que já ultrapassou o limite da logística para se tornar questão de cidadania.
Fonte: noticiastudoaqui.com