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Mercado teme perda de competitividade frente a concorrentes globais como Argentina, Uruguai e Austrália
Redação, 14 de julho de 2025 - O mercado físico do boi gordo encerrou a semana em queda acentuada, refletindo o clima de incerteza após a decisão do governo dos Estados Unidos de impor tarifas adicionais à carne bovina brasileira. A medida, adotada pelo presidente norte-americano Donald Trump Jr., aumentou a insegurança entre os pecuaristas e exportadores, que temem a perda de competitividade internacional, especialmente em relação a países como Argentina, Uruguai e Austrália.
De acordo com o analista Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado, a pressão negativa nas cotações se intensificou nos últimos dias. “O cenário externo ficou instável com o anúncio das tarifas. Isso causou um movimento de cautela nos frigoríficos, que passaram a testar valores mais baixos nas negociações com os produtores”, avaliou.
Preços da arroba recuam nos principais estados
A cotação da arroba do boi gordo teve queda generalizada em todo o país. Veja os valores médios registrados nesta segunda-feira (14):
- São Paulo: R$ 217,00/@ (queda de R$ 5,00)
- Mato Grosso do Sul: R$ 209,00/@ (queda de R$ 4,00)
- Mato Grosso: R$ 203,00/@ (queda de R$ 6,00)
- Goiás: R$ 206,00/@ (queda de R$ 5,50)
- Minas Gerais: R$ 212,00/@ (queda de R$ 4,50)
A média nacional para o boi China (atendido por pecuaristas que cumprem requisitos para exportação ao país asiático) também caiu, fechando em R$ 222,00/@, refletindo a diminuição da demanda e a cautela nos embarques.
Impacto internacional e receio com exportações
Segundo especialistas em comércio exterior, a nova política tarifária dos EUA impacta diretamente as exportações brasileiras, que vinham se recuperando após oscilações no início do ano. Com a decisão de Trump Jr., a carne brasileira perde competitividade frente à de países vizinhos, como Argentina e Uruguai, que continuam a exportar com isenções ou tarifas reduzidas.
“Essa tarifa foi um balde de água fria. Ainda estamos aguardando os detalhes da medida, mas o efeito psicológico no mercado já é forte. O produtor está retraído e os frigoríficos, inseguros”, explicou o economista agropecuário André Borges, da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).
Perspectivas para os próximos dias
Apesar do momento de tensão, analistas afirmam que o mercado ainda poderá reagir, especialmente se houver um esforço diplomático por parte do governo brasileiro para negociar a redução ou suspensão da tarifa.
O Ministério da Agricultura informou que está em contato com o Itamaraty e a embaixada brasileira em Washington para agendar uma reunião com representantes do Departamento de Comércio dos Estados Unidos. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) também se manifestou, cobrando atuação firme do governo para defender os interesses dos exportadores nacionais.
Resumo da situação:
Cotação da arroba do boi gordo em queda média de R$ 4 a R$ 6
Receio de queda na demanda externa após nova tarifa americana
Frigoríficos pressionam para baixar preços nas compras
Governo busca solução diplomática para o impasse.
Enquanto o cenário externo permanece indefinido, o produtor rural brasileiro enfrenta mais um desafio em meio às incertezas econômicas globais e à concorrência internacional. O setor agora aguarda os próximos movimentos do governo e do mercado para avaliar os impactos reais no restante do mês de julho.
Fonte: noticiastudoaqui.com--