
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou o argumento de que a atual crise entre EUA e Brasil é consequência direta de uma “defesa”, por parte de Donald Trump, ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Para ele, o empenho do presidente Trump será pago pelo próprio povo americano, que, com as tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros importados pelo EUA, enfrentará preços mais altos por café, carne bovina, suco de laranja.
“Nem o povo americano nem o povo brasileiro merecem isso”, disse Lula ao jornal norte-americano The New York Times. “Porque vamos passar de uma relação diplomática de 201 anos de ganhos mútuos para uma relação política de perdas mútuas.” As tarifas devem passar a valer a partir desta sexta-feira (1º/8).
O líder brasileiro recebeu os jornalistas do The New York Times nessa terça-feira (29/7) no Palácio da Alvorada, em Brasília. Durante a entrevista, Lula afirmou que o país trata o tarifaço prometido por Donald Trump com seriedade, mas que quer ser tratado com respeito. O presidente ainda criticou a falta de diplomacia nas ações recentes do governo norte-americano, como a falta de interesse em negociações.
“Tenham certeza de que estamos tratando isso com a máxima seriedade. Mas seriedade não exige subserviência. Trato a todos com muito respeito. Mas quero ser tratado com respeito”, afirmou. “Em nenhum momento o Brasil negociará como se fosse um país pequeno contra um país grande. Conhecemos o poder econômico dos Estados Unidos, reconhecemos o poder militar, reconhecemos a dimensão tecnológica. Mas isso não nos deixa com medo”, acrescentou. “Nos deixa preocupados”.
Lula reclamou que, na Casa Branca, “ninguém quer conversar”. “Pedi para entrar em contato. Designei meu vice-presidente, meu ministro da Agricultura, meu ministro da Economia, para que cada um possa conversar com seu homólogo e entender qual seria a possibilidade de diálogo. Até agora, não foi possível”, ressaltou o presidente.
Na entrevista, o petista adotou um tom mais ameno, de abertura ao diálogo. “Só para vocês terem noção do cronograma, realizamos 10 reuniões sobre comércio com o Departamento de Comércio dos EUA. Em 16 de maio, enviamos uma carta solicitando uma resposta dos Estados Unidos. A resposta que recebemos foi por meio do site do presidente Trump, anunciando as tarifas sobre o Brasil”, observou.