Publicidade

PRÉ-CAMPANHA - Caiado aposta na força do agro para tentar ocupar vácuo de Bolsonaro em 2026

Publicidade
Ronaldo Caiado acena com chapéu de vaqueiro em cima de cavalo ao lado de apoiadores

Crédito,Governo de Goiás

Legenda da foto,Reeleito governador de Goiás em 2022, Ronaldo Caiado agora deve se lançar à Presidência

Faltando mais de um ano e meio para as eleições presidenciais, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), decidiu lançar sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto.

O experiente político que se formou em medicina e fez fortuna vendendo e comprando cabeças de gado tem se apresentado como um representante de uma ala "mais moderada do agronegócio".

Após se reeleger há dois anos, Caiado tenta assim superar o desconhecimento de seu nome fora do seu Estado e se cacifar como candidato da direita em 2026 no vácuo que deve ser deixado por Jair Bolsonaro (PL).

O ex-presidente, apesar de ter sido declarado inelegível pela Justiça eleitoral e agora ser réu acusado de liderar uma suposta tentativa de golpe (o que ele nega), tem reafirmado sua intenção de concorrer no ano que vem, e se recusa a deixar que um aliado ou familiar assuma seu lugar — ao menos por enquanto.

Advertisement

Caiado, por sua vez, não vai esperar por uma definição de Bolsonaro para determinar seus próximos passos e deve se lançar em uma nova candidatura presidencial — na primeira, em 1989, ficou em 10º lugar, com 0,72% dos votos.

O governador começou a caminhar nesta direção quando se afastou do bolsonarismo, sem, no entanto, romper por completo, e redobrou a aposta na carta de porta-voz do agro ao ensaiar uma chapa com o cantor Gusttavo Lima, iniciativa lançada e abortada pelo próprio sertanejo.

    Nesta semana, Caiado reafirmou à imprensa que está mantido, na próxima sexta-feira (4/4) em Salvador, na Bahia, o lançamento da sua pré-candidatura. Mesmo sob pressões contrárias de seu próprio partido e de aliados para que ele desista de concorrer à Presidência.

    "Pelo visto, minha candidatura está incomodando", disse ele à emissora CNN ao confirmar o evento na capital baiana, que também é a cidade do ex-prefeito ACM Neto, vice-presidente seu partido, o União Brasil.

    No mesmo dia, Caiado deve receber o título de Cidadão Baiano e a Comenda 2 de Julho, homenagem concedida pela Assembleia Legislativa da Bahia.

    Analistas ouvidos pela BBC News Brasil avaliam, no entanto, que a peça movida pelo governador de Goiás no xadrez eleitoral do próximo ano é um movimento ainda incerto, não só pela antecedência.

    "A primeira questão é saber se o União Brasil quer ter um candidato", afirma Marco Antonio Carvalho Teixeira, cientista político e professor do Departamento de Gestão Pública da FGV/EAESP.

    Ele lembra que o partido de Caiado faz parte da base do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ocupando os ministérios das Comunicações, Turismo e Integração e Desenvolvimento Regional.

    "É uma contradição, mas é algo típico da política brasileira", diz Teixeira.

    A BBC News Brasil questionou o presidente do União Brasil, Antonio de Rueda, por meio de sua assessoria de imprensa, se há consenso da sigla em torno da candidatura do governador goiano, mas não houve resposta até a publicação desta reportagem.

    Outro possível obstáculo às ambições de Caiado é a negociação em curso do União Brasil com o Progressistas (PP) para formar uma federação partidária. Se isso acontecer, na prática, as duas legendas vão atuar como uma só.

    A nova federação teria a maior bancada da Câmara dos Deputados e já foi aprovada pela bancada do PP, que agora aguarda o União Brasil se manifestar.

    O presidente nacional do PP, o senador Ciro Nogueira, já disse que Caiado precisaria do aval de Bolsonaro, de quem Nogueira foi ministro, para concorrer.

    E o presidente do partido na Bahia, Cacá Leão, chegou a afirmar a jornalistas que o lançamento da candidatura de Caiado havia sido cancelado por conta das negociações em curso.

    "Algum bandido está soltando este fake news", esbravejou Caiado à revista Carta Capital ao reafirmar que o evento em Salvador estava de pé. "Não tem ninguém que faça pressão sobre mim."

    Ainda pesa sobre Caiado uma condenação do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás nas eleições de 2024.

    Em dezembro do ano passado, o TRE condenou Caiado alegando abuso de poder por ter usado o Palácio das Esmeraldas, sede do governo goiano, para fazer eventos em apoio a Sandro Mabel, candidato do União Brasil à Prefeitura de Goiânia nas últimas eleições.

    Mabel e sua vice, a tenente-coronel Claudia Lira (Avante), também foram condenados. As defesas negaram as acusações e recorreram ao TRE. Ainda há a possibilidade de recorrer ao TSE depois, e, até que os recursos sejam julgados, eles mantêm os direitos políticos.

    A decisão tornou Caiado e Mabel inelegíveis por oito anos, mas Teixeira afirma que "o recurso por si só suspende a inelegibilidade", removendo a princípio essa barreira às suas ambições profissionais.

    Publicidade

    Noticias da Semana

    Publicidade

    Veja +

    Publicidade
    Publicidade