
No Brasil é assim, quando não se quer apurar nada, logo se cria uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Agora não seria diferente. Depois de muitas articulações e puxadas de tapetes, senadores e deputados conseguiram emplacar a CPMI do INSS para, segundo eles, investigar a roubalheira nas contas de aposentados e pensionistas do Instituto.
Espera-se que a Comissão produza efeitos práticos em favor dos seus legítimos interessados, e não seja usada como instrumento para perseguir adversários políticos, como aconteceu com a CPI da Pandemia, que ficou conhecida como a CPI do Circo, por repetir atitudes politiqueiras do passado. Deixou de fez o dever de casa e, destarte, como previsto, acabou em pizza gigante.
No caso da roubalheira do INSS, a Polícia Federal (PF) e a Controladoria Geral da União (CGU) realizaram um trabalho de investigação digno dos melhores encômios, revelando à população uma ampla rede de corrupção alimentada historicamente entre autoridades, políticos, servidores públicos e empresários corruptos, porém, até hoje, ninguém foi severamente punido, mostrando que o Brasil ainda não se reposicionou adequadamente na forma de um quadro crônico de um sistema corrompido.
O aprendizado sobre o fortalecimento das instituições e da exigência da transparência na condução dos negócios públicos, como parte de um dever dos gestores, dos servidores e da sociedade, é demorado e difícil. Os exemplos de irregularidades são gigantescos e possuem raízes profundas, tanto que para uma parcela significativa da população brasileira a corrupção é naturalmente admitida. Oxalá a CPMI do INSS cumpra realmente a função social para a qual foi criada, justiçando os irresponsáveis que meteram as mãos sujas no dinheiro de aposentados e pensionistas. Caso contrário, será apenas mais uma Comissão como tantas que já foram instituídas pelo Congresso Nacional.