O Brasil que se acostumou a esperar pela catástrofe



A catástrofe da violência no Rio de Janeiro produziu efeito no Congresso Nacional, como costumeiramente acontece, após a megaoperação policial que deixou cento e vinte e uma pessoas mortas, incluindo quatro policiais. Além da retórica oca e fofo, muito se falou na aprovação de um pacote de medidas para combater a criminalidade no país, que, na prática, jamais sairá do papel, por motivos óbvios.

No governo do presidente Fernando Henrique Cardoso foi aprovado um Plano Nacional de Segurança Pública, que não conseguiu ir além do campo das promessas. Hoje, diante da cruel realidade de que a situação da violência só se agravou, a população, não somente do Rio de Janeiro, mas do Brasil inteiro, espera que as autoridades encarem o problema com responsabilidade e criatividade, pois é fácil verificar o descaso com que a questão da criminalidade no Brasil é tratada tantos pelos governos quanto pelos demais poderes.

Quando uma tragédia acontece, o assunto logo ganha notoriedade pelos efeitos espetaculares que produz. Faz-se, então, um debate relâmpago, lançam-se críticas em várias direções e são anunciadas medidas que acabam não sendo executadas, oferecendo um paliativo à população e, depois, o esquecimento tem sido o caminho seguido. Governantes e políticos preferem apostar na instabilidade e investir no caos, enquanto a violência vai ganhando corpo, encontrando cada vez mais terreno fértil para expandir seus tentáculos. Esse é o retrato do Brasil que se acostumou a esperar pela catástrofe.

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Valdemir Caldas

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