Estão previstos 51 quilômetros de pontes, 156 quilômetros de túneis e 97 quilômetros de viadutos
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou durante reunião da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado, realizada nesta terça-feira (12), que o Governo Federal vai concluir, até o fim de 2026, o projeto básico e executivo da Ferrovia Atlântico–Pacífico, que ligará Ilhéus (Bahia) ao Peru e passará pelo Acre.
A previsão é que, com os estudos prontos, a próxima gestão possa licitar trechos e iniciar as obras, com possibilidade de execução simultânea por diferentes grupos empresariais. Segundo a ministra, se os trabalhos ocorrerem dessa forma, em cinco ano a ferrovia será concluída.

“Se a gente fizer esse trecho com uma empresa, o trecho de Mato Grosso com outra empresa, outro grupo empresarial, Rondônia, outro, e Acre, outro, nós estamos falando aí de uma ferrovia que pode terminar em cinco anos”, ressaltou a ministra.
Segundo Tebet, a escolha de construir a ferrovia às margens de rodovias já existentes é estratégica para reduzir impactos ambientais e acelerar o licenciamento, evitando atrasos judiciais. O projeto, considerado de alta complexidade, era estimado pela estatal Infra S.A. para ser finalizado em até sete anos. Com a parceria assinada com a China, o prazo caiu para 18 meses. “No final do governo Lula III, entregaremos o projeto para que o próximo governo possa, se houver vontade política, fazer concessões de trechos”, afirmou a ministra, destacando que a China foi escolhida pela expertise na área.

A Ferrovia Atlântico–Pacífico é apontada como estratégica para ampliar a integração logística do Brasil com a América do Sul e facilitar o comércio com a Ásia, criando uma rota de exportação mais ágil e menos dependente de portos do Atlântico.
Caminhos no Acre
O projeto da ferrovia bioceânica, que vai ligar o Brasil ao Peru, partindo da Bahia até o porto de Chancay, no Oceano Pacífico, pode sofrer mudanças no trecho que atravessa o Acre. Em vez de passar pela região do Alto Acre, como previsto inicialmente, a linha pode seguir o traçado da BR-364, rumo a Cruzeiro do Sul, e cruzar a fronteira até Pucallpa, cidade peruana localizada no Departamento de Ucayali.
A possibilidade de mudança foi apontada em um artigo publicado pelo jornal El Comercio, um dos maiores do Peru. A matéria se baseia em informações obtidas pelo jornalista Carlos Gonzales, que teve acesso a detalhes do projeto ferroviário do governo peruano.
De acordo com o ministro da Economia e Finanças do Peru, Raúl Pérez Reyes, a intenção do governo é modernizar e ampliar a Ferrovia Central Andina, que hoje liga Cerro de Pasco a Lima, capital do país. A proposta é que a ferrovia seja estendida até Pucallpa, cidade que fica a apenas 181 quilômetros, em linha reta, de Cruzeiro do Sul.
“Nossa responsabilidade é conectar melhor as cidades peruanas, e isso passa por levar a ferrovia até o litoral. Vamos elaborar os termos de referência para esse projeto”, disse o ministro durante um evento na cidade de Huánuco.
A proposta prevê não apenas a construção do novo trecho até Pucallpa, mas também a modernização do trecho já existente entre Cerro de Pasco e Lima. Segundo Pérez Reyes, essa ampliação vai permitir que os trens cheguem a outros portos, como Callao e Chancay, dependendo do tipo de carga transportada.
O governo do Peru já tem estimativas de custo para o trecho entre Pucallpa e Chancay. O investimento previsto é de US$ 14,38 bilhões para construir uma linha de tráfego misto, que transporte tanto passageiros quanto cargas, com 904 quilômetros de extensão. O trajeto cruzará diferentes regiões geográficas do país: costa, montanhas e selva central.
Estão previstos 51 quilômetros de pontes, 156 quilômetros de túneis e 97 quilômetros de viadutos.
(contilnetnoticias)