
Na noite de terça-feira (2), a tranquilidade aparente da Avenida Calama, no bairro Planalto — zona Leste de Porto Velho — foi rasgada por tiros. O alvo: o comerciante Húdson Magalhães da Rocha, 33 anos, mais conhecido como “Betão da Borracharia”. Ele foi surpreendido enquanto estava sentado em frente ao próprio negócio, é morto com disparos à queima-roupa na cabeça e no tórax.
Recomeço que não resistiu
Betão — recém-saído de prisão, advertido por denúncias de estelionato envolvendo venda de pneus que nunca foram entregues — havia deixado o cárcere há cerca de 15 dias. Ele começou uma nova vida: inaugurou uma borracharia, buscava o sustento honesto e, segundo relatos próximos, chegou a declarar publicamente que havia “aceitado Jesus” e desejava recomeçar longe do passado.
“Queria mudar de vida”, disse ele durante uma cerimônia religiosa, onde manifestou arrependimento e desejo de reconstruir a vida.
Mas o retorno à liberdade e à rotina comercial durou pouco. Na noite do crime, dois homens chegaram em uma motocicleta até a frente da borracharia. O garupa desceu armado e disparou diversas vezes contra Betão. Testemunhas relataram que ele sequer teve chance de reação. Os assassinos fugiram sem serem identificados.
Violência filmada
O homicídio foi registrado por câmeras de segurança próximas ao local. O vídeo mostra o criminoso descendo da moto, aproximando-se da vítima e disparando — tudo em poucos segundos. Após os tiros, os autores fogem rapidamente. Mesmo com o crime filmado, até o momento da publicação, nenhum suspeito havia sido preso. A responsabilidade pela investigação cabe à Delegacia Especializada em Crimes Contra a Vida (DECCV).
A cena causou choque no bairro e reacendeu o sentimento de insegurança em moradores e comerciantes, que se dizem vulneráveis diante da violência — sobretudo em zonas comerciais onde o movimento costuma ser intenso.
Um fim trágico
Para muitos que conheciam Húdson, o “recomeço” dele parecia sincero: o plano era trabalhar com honestidade, tocar a borracharia e reconstruir relacionamentos.
Entretanto, o histórico de acusações de estelionato — venda de pneus que não seriam entregues — ainda estava presente no registro da polícia. Essa conjunção de passado conturbado, liberdade recente e negócio próprio reacende questionamentos sobre se o homicídio teria motivações relacionadas a vingança, dívidas, advertências de ex-clientes ou disputas ligadas ao mercado paralelo de pneus. A investigação busca agora essas respostas — e também os autores do crime, ainda foragidos.
Comunidade pede por justiça
O assassinato de Betão reacendeu o testemunho de vulnerabilidade de comerciantes, especialmente aqueles que tentam recomeçar longe de crimes. Amigos, familiares e vizinhos lamentam: o desejo de mudança se transformou em tragédia, deixando uma comunidade em choque. A DECCV investiga o caso, mas até agora não há prisão. A expectativa é de que as imagens de vídeo — mobilizadas nas redes e nas delegacias — ajudem a identificar os criminosos. Enquanto isso, a dor e o medo ficam na avenida Calama.
Fonte noticiastudoaqui.com