Esoterismo e Exoterismo, qual a diferença?

ColunistaMarco Anconi

Esoterismo é o nome genérico que designa um conjunto de tradições e interpretações filosóficas das doutrinas e religiões que buscam desvendar seu sentido oculto. O esoterismo é o termo para as doutrinas cujos princípios e conhecimentos não podem ou não devem ser "vulgarizados", sendo comunicados a um restrito número de discípulos ou adeptos escolhidos.

Helena Blavatsky, criadora da Teosofia, nos diz que "esotérico" refere-se ao que está "dentro", oposto ao que está "fora" e que é "exotérico". Nomeia o significado verdadeiro da doutrina, sua essência, em oposição ao exotérico que é a "aparência" da doutrina, sua "decoração". Também segundo Blavatsky, todas as religiões e filosofias concordam em sua essência, diferindo apenas na "vestimenta", pois todas foram inspiradas na "Religião-Verdade".

Um sentido popular do termo é de afirmação ou conhecimento enigmático e impenetrável. Hoje em dia o termo é mais ligado ao misticismo, ou seja, à busca de supostas verdades e leis últimas que regem todo o universo, porém ligando ao mesmo tempo o natural com o sobrenatural.

Muitas doutrinas espiritualistas são também chamadas esotéricas, porque preservam os conhecimentos verdadeiramente importantes dos “vulgos” ou “leigos” que, por não terem um sentido de “verdade interior”, certamente farão interpretações vulgares e mesmo preconceituosas deste conhecimento.

Podemos verificar, no entanto, que muitas “sociedades secretas” estão, progressivamente, abrindo seus mais bem guardados segredos ao público em geral. Vemos hoje a Maçonaria e a Ordem Rosa Cruz divulgando aos leigos conhecimentos intangíveis há bem pouco tempo.

Vemos a Umbanda esotérica prosperar e mesmo difundir conhecimentos maravilhosos que antes só podiam ser transmitidos oralmente de mestre para discípulo e com isso desmistificar e clarear uma das mais belas doutrinas humanas.

O mesmo ocorre com a Gnose, que trata do conhecimento superior, interno, espiritual, iniciático. Seu significado é semelhante ao da palavra epistéme que, em filosofia, significa "conhecimento científico" em oposição à "opinião", enquanto gnôsis significa “conhecimento” em oposição à "ignorância" e que vem trazendo para o “vulgo” conhecimentos herméticos guardados a sete chaves por séculos.

Até mesmo o Cristianismo está abrindo suas “salas ocultas”. O Cristianismo Esotérico que é a vertente do Cristianismo composta pelas escolas de mistérios, constituindo o que se conhece como a parte mística do Cristianismo. A este ramo do Cristianismo pertencem o Gnosticismo e o Rosacrucianismo (apesar de muitas organizações com o nome "Rosacruz" não se vincularem ao Cristianismo).

Os Essênios, tidos como os instrutores de Jesus durante o período que vai da adolescência à maturidade, período este que não se tem registros históricos, são considerados os precursores do Cristianismo Esotérico, o que vem emprestar um valor muito maior a este segmento religioso e filosófico.

Vemos aqui que, enquanto o esoterismo se ocupa do que está “dentro”, em nosso íntimo, o exoterismo preocupa-se com que está “fora”, com o social. Portanto, sem nenhum esforço, percebemos que tudo o que nos impulsiona para dentro de nós mesmos, que nos ajuda a nos auto-entender, pode ser nomeado esotérico. Já o que nos faz divagar e vagar em conceitos e preconceitos, que nos obriga a seguir a Canon religiosa, os dogmas seculares, pode ser entendido com exotérico.

São incontáveis as escolas esotéricas nos dias de hoje. Da milenar Índia, passando pela também antiquíssima China, seguindo pelo oriente médio (berço de todas as religiões ocidentais), indo pela Europa, Grécia, África, Américas do norte e sul, enfim, mundo afora, encontraremos correntes de pensamento livres de conceitos e preconceitos que nos remetem para o único lugar que tememos e almejamos ao mesmo tempo: nosso íntimo, nós mesmos!

Marco Aurélio Anconi
Jornalista, esoterista e espiritualista
mac.anconi@gmail.com