Quando pensamos em extinções em massa da pré-história, é quase inevitável lembrar do limite K-Pg — aquele momento catastrófico há 66 milhões de anos em que um asteroide colidiu com a Terra, exterminando cerca de 75% da vida vegetal e animal e encerrando a era dos dinossauros. Essa é a mais famosa das seis grandes extinções que o planeta já enfrentou, fama que se deve mais à repercussão do que à singularidade. Muito antes disso — cerca de 400 milhões de anos antes —, no entanto, a Terra já havia passado por outro evento devastador, pouco conhecido: a extinção em massa do final do Ordoviciano.
Voltar a esse período é encontrar um planeta quase irreconhecível. "Era um mundo muito, muito diferente", diz Richard Twitchett, líder de pesquisa do Departamento de Ciências da Terra do Museu de História Natural do Reino Unido. "O clima era muito quente, e os níveis de CO2 eram extremamente altos."
Na superfície terrestre, não havia nada que se pareça com a vida que conhecemos hoje: sem animais, árvores, flores, gramíneas ou samambaias. “Se a terra era verde, era com algas, no máximo — não há evidência de nada parecido com o que consideraríamos uma comunidade vegetal”, afirma Twitchett ao portal IFLScience. “E, claro, sem plantas, também não havia animais — afinal, não havia o que comer.”
No entanto, esse retrato contrasta com o que os livros de paleontologia descrevem como uma época de biodiversidade crescente. Onde estava toda essa vida? No mar. Sob as águas, criaturas exóticas e fascinantes evoluíam em ritmo acelerado. Esse surto de diversidade ficou conhecido como o Grande Evento de Biodiversificação do Ordoviciano (Gobe, na sigla em inglês). "Foi um período em que a evolução estava fazendo muitos experimentos", diz Twitchett. "Havia animais tentando explorar diferentes estilos de vida (…) e também uma diversificação dentro de planos corporais que estavam se mostrando mais bem-sucedidos nos mares quentes do Paleozóico.”
Esses seres marinhos, como os primeiros tentilhões nas Ilhas Galápagos, tinham todo o ecossistema à disposição. Planos corporais se tornaram mais complexos; surgiram animais que ainda existem hoje, como estrelas-do-mar, ouriços, corais e outros. Os mares passaram a ser dominados por filtradores em diferentes profundidades: braquiópodes no fundo, corais e briozoários acima deles e crinoides perto da superfície.
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