
A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quarta-feira (28) a 7ª fase da Operação Sisamnes, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa especializada em espionagem, especialmente contra autoridades, e na prática de homicídios por encomenda. A ação cumpriu cinco mandados de prisão preventiva, quatro de monitoramento eletrônico e seis de busca e apreensão em três estados: Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais.
As investigações, conduzidas sob a supervisão do Supremo Tribunal Federal (STF), revelaram que o grupo criminoso atuava como um serviço clandestino de inteligência, cobrando até R$ 250 mil para espionar ministros do próprio Supremo. Além disso, o grupo tinha uma “tabela de preços” para execuções sob encomenda. O nome da organização criminosa: C4 — Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos.
Um dos desdobramentos mais graves da investigação foi a conexão direta do grupo com o assassinato de um advogado em 2023, em Cuiabá (MT), considerado um crime de mando. As autoridades suspeitam que outros homicídios podem ter sido cometidos pelo C4, que se apresentava como uma milícia com motivações políticas e ideológicas.
Por determinação do STF, além das prisões, foram impostas medidas cautelares aos investigados: recolhimento domiciliar noturno, proibição de manter contato com outros investigados, de deixar o país, e o recolhimento de passaportes.
Até o momento, a Polícia Federal não divulgou oficialmente os nomes dos alvos, mas confirmou que a investigação segue em curso para identificar outros integrantes e eventuais mandantes de crimes praticados pela organização.
A jornalista Daniela Lima, da GloboNews, apurou que o grupo operava com estrutura hierárquica e logística sofisticada, mantendo uma lista de serviços que variava de espionagem a execuções, com valores estipulados conforme o perfil da vítima e a complexidade da ação.
A operação desta quarta-feira amplia os resultados das fases anteriores da Operação Sisamnes, iniciada com foco em crimes contra advogados e que, ao longo dos meses, revelou um esquema muito mais amplo, envolvendo segurança nacional e ameaças às instituições democráticas.
A Polícia Federal informou que continuará a apuração para identificar eventuais conexões do grupo com agentes públicos e possíveis financiadores.
Operação Sisamnes
O nome da operação remete ao juiz persa Sisamnes, executado e esfolado vivo por ordem do rei Cambises II, após ter aceitado suborno e proferido uma sentença injusta. A referência histórica reforça o compromisso da PF no combate à corrupção e ao crime organizado.
As ações da 7ª fase da operação foram acompanhadas por representantes do Ministério Público Federal (MPF) e por autoridades do Supremo Tribunal Federal, que determinaram o sigilo das informações para não comprometer o andamento das investigações.
Repercussão
O caso provocou forte repercussão no meio jurídico e político, sendo considerado um dos mais graves episódios recentes envolvendo ameaças diretas a ministros do STF. Parlamentares e entidades de defesa dos direitos humanos pedem uma investigação rigorosa e punição exemplar aos envolvidos.
A Polícia Federal mantém uma linha de denúncia anônima para que novas informações sobre o grupo C4 possam ser repassadas e incorporadas ao inquérito.
As investigações seguem em sigilo.
Fonte: noticiastudoaqui.com