
Redação, 11 de julho de 2025 - O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou nesta quinta-feira (10), em entrevista à CNN, que a pauta da anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro é o "primeiro passo" para o Brasil retomar o diálogo com os Estados Unidos e buscar a reversão das tarifas de 50% impostas pelo governo do presidente Donald Trump sobre produtos brasileiros.
Segundo o senador, o gesto seria interpretado como um sinal político positivo por Washington, especialmente diante do que ele classificou como um “excesso de criminalização” de manifestantes conservadores no Brasil.
“O projeto da anistia é fundamental para mostrar que o Brasil está disposto a se reconciliar internamente e a respeitar os princípios democráticos de liberdade de expressão e de manifestação. Só com isso poderemos voltar a negociar de forma séria com os americanos”, disse Flávio Bolsonaro.
Brasil não deve reagir com reciprocidade, diz senador
Flávio também argumentou que o país não está em posição de acionar a chamada “Lei da Reciprocidade”, que permitiria retaliações comerciais contra os EUA. Para ele, um confronto direto com Washington poderia prejudicar ainda mais a economia brasileira, especialmente o agronegócio e setores de exportação.
“O presidente Trump está disposto a aumentar tarifas se o Brasil insistir em ignorar as preocupações dele. Não adianta bater de frente. É hora de baixar a temperatura, corrigir rumos e mostrar que há espaço para diálogo.”
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A declaração do senador vem dias após o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmar que as sanções comerciais de Trump seriam uma resposta direta à atuação do Supremo Tribunal Federal, especialmente do ministro Alexandre de Moraes, a quem Eduardo atribui a criação de um ambiente de repressão política no Brasil.
Anistia em debate
O projeto de anistia aos presos e investigados pelos atos de 8 de janeiro de 2023 — que envolveu a invasão das sedes dos Três Poderes, em Brasília — voltou a ser discutido no Congresso, com apoio crescente da oposição. Flávio acredita que, se o tema for colocado em votação nas próximas semanas, pode representar uma virada diplomática nas relações com os EUA.
“Esse é um gesto político e simbólico que terá eco internacional. A anistia é uma resposta civilizatória, que pode ser lida como uma reconciliação democrática”, afirmou.
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Governo ainda não se posiciona
Até o momento, o governo Lula não comentou publicamente as falas de Flávio Bolsonaro, nem se manifestou sobre a possibilidade de pautar a anistia como ferramenta diplomática. O Itamaraty segue tentando diálogo técnico com autoridades americanas para reverter as tarifas sem abrir disputa formal na OMC.
Economistas e diplomatas, no entanto, divergem sobre a tese de que o tema da anistia teria qualquer peso prático nas decisões comerciais dos EUA. Para alguns analistas, Trump estaria usando o comércio como instrumento de pressão política, e não necessariamente por razões ligadas à pauta de direitos humanos — ainda que essa seja a justificativa pública de parte do Congresso americano.
Cenário instável
As tarifas de 50% já estão provocando apreensão no mercado, especialmente entre exportadores brasileiros de carne, grãos e minério de ferro. A tensão é ampliada por críticas recentes de autoridades americanas ao Judiciário brasileiro e pelo pedido da deputada María Elvira Salazar para que o ministro Alexandre de Moraes seja sancionado com base na Lei Magnitsky — instrumento que pune violações de direitos humanos.
Com isso, o Brasil se vê diante de uma crise comercial e diplomática sem precedentes com seu principal parceiro fora da América Latina, em um momento de instabilidade política interna.
Fonte: noticiastudoaqui.com