
Muito antes das montanhas de Minas Gerais ou das vastas plantações paulistas se tornarem sinônimo de café no Brasil, a história desse grão tão simbólico começou de forma discreta, porém marcante, na floresta amazônica.
Foi no estado do Pará, em 1727, que o café deu seus primeiros passos em solo brasileiro, um início que muitos desconhecem, mas que carrega um simbolismo histórico.
Tudo começou com uma missão diplomática e uma história de espionagem quase romântica. Um registro histórico da prefeitura de Bom Jardim (RJ), o oficial português Francisco de Mello Palheta foi enviado à Guiana Francesa com a missão de obter mudas da valiosa planta que era protegida com rigor pelos colonizadores franceses.
Conta que Palheta ganhou o favor de Madame D’Orvilliers, esposa do governador de Caiena, que lhe presenteou discretamente com sementes e mudas de café. Elas foram levadas ao Pará e plantadas com sucesso, marcando o início da saga do café no Brasil.
Contudo, apesar do solo fértil e do clima úmido favorável, o Pará e a região amazônica não se tornaram o coração da produção cafeeira no país. À medida que a demanda europeia pelo grão crescia, a cultura do café migrou para outras regiões, principalmente o Sudeste, onde encontrou clima e relevo ideais para uma produção em larga escala.
Foi em 1781 que João Alberto de Castello Branco, do Pará, levou mudas da espécie Coffea arabica ao Rio de Janeiro, plantando-as inicialmente no Convento dos Capuchinhos e posteriormente na chácara do holandês Johann Hoppmann, em Mata Porcos.
A partir daí, a cafeicultura ganhou força e se espalhou pelo Sudeste, especialmente em São Paulo, que se consolidou como o maior produtor mundial ao longo do século XIX.