
A corrupção faz parte da história do homem desde que o mundo é mundo. Ela alcança qualquer regime político, porém é muito pior nas ditaduras, nos regimes autoritários, nas estruturas fechadas, porque a informação é sufocada com rigor, sempre no interesse do poder. A sociedade dificilmente não toma conhecimento dos fatos e a verdade quase nunca aparece. Já na democracia, porém, a corrupção aflora. Nem sempre na dimensão real, mas, pelo menos, é possível identificar o seu rastro.
Com os órgãos de fiscalização (Policia Federal, Controladoria Geral da União, Ministérios Públicos Federal e Estadual, Tribunais de Contas da União e Estaduais, Receita Federal) cada vez mais afinados, é possível mapear o quadro aqui e ali, até chegar no tumor purulento, quando, então, entram em campo a internet (que vem dando um banho de informações na mídia oficial), divulgando os fatos em tempo real, evitando, assim, o processo de metástase, que dominaria por inteiro o tecido social. Repare-se o escândalo do INSS. Começou com uma matéria do jornalista Luiz Vassalo, do portal Metrópole. Só depois a chamada grande mídia se interessou pelo caso, quando a roubalheira já tinha superado os R$ 6 bilhões, surrupiados das contas de aposentados e pensionistas.
No Brasil, a corrupção, além de preocupar, assusta. Senão todos, mas, com certeza, a grande maioria da população. Aqui, a roubalheira tornou-se compulsiva. E as evidências apontam para isso, contudo, as punições aos que dilapidam o erário, na maioria dos casos, não correspondem à gravidade dos crimes cometidos. Ao contrário, servem como estímulo aos que se consideram intocáveis.
A sanção penal e política, quando, eventualmente, ocorre, não atemoriza e, assim, não consegue conter a prática viciosa. Alguns processos levam anos para serem julgados, tantos são os recursos interpostos, com a intenção deliberada de empurrar o caso com a barriga até a prescrição do crime. E, o que é pior, uma vez condenado, o autor do delito geralmente não fica muito tempo atrás das grades. Onde está Sérgio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro, condenando por desviar milhões de reais dos cofres públicos? É por isso que se sucedem de forma crescente as investidas contra o patrimônio público. O Brasil virou paraíso de governantes e políticos corruptos.