
Evento com presença de 30 parlamentares e chef renomada gerou nota fiscal mais alta da atual legislatura na Câmara; jantar tratou de aeroporto em cidade natal do deputado
Redação, 19 de junho de 2025 - O deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB) está no centro de uma polêmica após pedir reembolso à Câmara dos Deputados por um jantar realizado em outubro de 2023 que custou R$ 27.120,00 aos cofres públicos. O evento, que contou com a presença do ministro dos Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho (Republicanos), teve como tema principal a construção de um aeroporto em Patos (PB), cidade natal do parlamentar.
A nota fiscal do jantar foi apresentada no dia 9 de outubro de 2023, cinco dias após o evento, que ocorreu em Brasília. Segundo o documento, o custo por pessoa foi de R$ 904, totalizando 30 convidados — todos parlamentares do Republicanos, além do ministro.
O serviço foi fornecido pelo buffet da renomada chef Renata La Porta, que é frequentemente contratada por órgãos públicos da capital federal. A nota registrada na Câmara é, até o momento, a de maior valor da atual legislatura na categoria de alimentação parlamentar.
Evento político ou pessoal?
Apesar de Hugo Motta alegar que o encontro teve caráter institucional e visava discutir um projeto de interesse público — a construção de um aeroporto regional —, a justificativa levanta questionamentos sobre o uso de verbas públicas para eventos políticos informais e de alto custo.
Não há informações detalhadas sobre atas do encontro, pautas formais ou encaminhamentos decorrentes da reunião. Procurado, o gabinete do deputado afirmou que "o jantar teve como finalidade fortalecer o diálogo entre o Executivo e a bancada do Republicanos sobre investimentos estratégicos no Nordeste, em especial na Paraíba".
O ministro Sílvio Costa Filho, presente no encontro, também é filiado ao Republicanos e assumiu a pasta de Portos e Aeroportos no governo Lula como parte da composição política entre o Executivo e partidos do centrão.
Reações e fiscalização
O pedido de reembolso foi submetido à Câmara dos Deputados dentro das normas do sistema de cotas parlamentares, que permite aos deputados ressarcirem despesas com alimentação, transporte e serviços relacionados à atividade legislativa. Ainda assim, o valor elevado despertou críticas nas redes sociais e entre opositores, que classificam o gasto como “luxuoso” e de “dúbia finalidade pública”.
Especialistas em transparência e controle de gastos públicos afirmam que o caso pode ser investigado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pela própria Corregedoria da Câmara, caso haja indício de desvio de finalidade ou abuso no uso da cota parlamentar.
“O sistema de reembolso é legítimo, mas exige responsabilidade. Um jantar de R$ 27 mil precisa ter sua relevância institucional muito bem comprovada, ou corre o risco de ser interpretado como desperdício de dinheiro público”, afirmou o advogado e consultor legislativo Pedro Camargo.
Até o momento, nem a Câmara nem os órgãos de controle se manifestaram oficialmente sobre a possibilidade de apuração do caso.
Fonte: noticiastudoaqui.com