GUERRA DECLARADA" - Desesperados com fiscalizações e apreensões, agricultores clamam por diálogo com o governo

Porto Velho, RO – 20 de junho de 2025 | Redação

A tensão entre produtores rurais e órgãos ambientais federais se intensifica na região Norte do país. Em um cenário que muitos já classificam como uma “guerra declarada”, agricultores de Rondônia, Acre, Amazonas e Pará têm denunciado a atuação ostensiva de instituições como o Ibama, ICMBio, Polícia Ambiental e Ministério do Meio Ambiente, comandado por Marina Silva.

A crise chegou ao ápice nesta terça-feira (18), quando a BR-364 foi fechada temporariamente por manifestantes no quilômetro 563, nas proximidades de Cujubim (RO).

O protesto foi uma resposta ao que os produtores classificam como perseguição sistemática e, segundo relatos, há apreensão de gado, restrições ao tráfego e até proibição de filmagens das ações, realizadas por fiscais federais sob respaldo de decisões judiciais.

Nas redes sociais, circulam denúncias de que agentes do ICMBio estariam invadindo propriedades privadas e removendo animais sem aviso prévio, muitas vezes durante a noite.

“Estamos sendo tratados como criminosos, mesmo com documentos e décadas de trabalho nessas terras”, desabafa um pecuarista da região, que pediu anonimato. “Não podemos vender nosso gado, não conseguimos investir nas estradas. E quando tentamos registrar o que acontece, nos ameaçam dizendo que a Justiça proibiu até filmar.”

Crise agrária e ambiental

O cerne da crise está na sobreposição entre áreas de produção e reservas ambientais, sobretudo as de gestão federal. Em muitos casos, produtores alegam terem sido incentivados por governos anteriores a se instalarem nas regiões, hoje reconhecidas como Unidades de Conservação ou Terras Indígenas.

Para as áreas estaduais, ainda há esperança de reversão via judicial e política. Já nas federais, a situação é mais crítica, pois as ações fazem parte de diretrizes assumidas pelo governo federal como prioridade de política ambiental.

“Estamos em guerra, mas uma guerra desigual. Enquanto o país enfrenta problemas de violência, fome e desemprego, somos perseguidos por alimentar a nação”, lamenta outro produtor.

Reação do governo e das instituições

Até o momento, o governo federal e os órgãos envolvidos não se pronunciaram oficialmente sobre as denúncias de abusos nas ações de fiscalização. O Ministério do Meio Ambiente defende que todas as operações seguem respaldo legal e buscam coibir crimes ambientais.

Especialistas, no entanto, alertam para a necessidade de diálogo. “A proteção ambiental é essencial, mas ela precisa vir acompanhada de justiça social, mediação e respeito às comunidades tradicionais e trabalhadores do campo”, explica a socióloga rural Renata Moraes.

Manifestação como último recurso

O fechamento da BR-364, embora ilegal, foi um grito de socorro. A rodovia, principal corredor logístico da região, foi bloqueada por algumas horas, afetando milhares de motoristas. Ainda assim, os manifestantes afirmam que não enxergam outra forma de chamar a atenção.

A expectativa dos produtores é de que a mobilização pressione autoridades a abrir canais de negociação. Eles pedem uma solução que garanta segurança jurídica, permanência nas terras e a possibilidade de continuar produzindo.

Clamor por resiliência e diálogo

Diante da escalada do conflito, lideranças do setor agropecuário pedem equilíbrio. “Precisamos de união e cabeça fria. Não podemos cair em provocações nem adotar atitudes que só vão nos prejudicar mais. Temos que lutar com inteligência e estratégia. Nossa força está na resiliência e na verdade do nosso trabalho”, afirmou um representante da associação de produtores rurais.

A situação segue em estado de alerta, e novos protestos não estão descartados. Enquanto isso, produtores seguem clamando por uma resposta do governo e por respeito a quem ajudou a desenvolver o interior da Amazônia com trabalho e suor.

Fonte: noticiastudoaqui.com


Mais do autor

Veja +