
Seis dos dez estados com mais casos de violência sexual contra crianças e adolescentes em 2023 estão na Amazônia Legal. Rondônia lidera o ranking na região, com 234,2 registros para cada 100 mil pessoas de até 19 anos.
Os dados são de estudo divulgado nesta quinta-feira (14) pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
O documento aponta que entre 2021 e 2023, mais de 38 mil casos de estupro contra crianças e adolescentes foram registrados na Amazônia Legal. A maioria das vítimas são pretas ou pardas.
A maior taxa de violência sexual contra crianças e adolescentes no país, em 2023, foi registrada em Mato Grosso do Sul (MS), que não pertence à Amazônia Legal. Mesmo assim, seis estados da região aparecem entre os dez com os índices mais altos: Rondônia, Roraima, Mato Grosso, Pará, Tocantins e Acre.
Estados com as maiores taxas de Estupros de crianças e adolescentes
Estado | Taxa |
Mato Grosso do Sul (MS) | 275,1 |
Rondônia (RO) | 234,2 |
Roraima (RR) | 228,7 |
Paraná (PR) | 208,2 |
Santa Catarina (SC) | 192,9 |
Mato Grosso (MT) | 188,0 |
Pará (PA) | 174,8 |
Tocantins (TO) | 174,2 |
Acre (AC) | 163,7 |
Goiás (GO) | 149,9 |
Fonte: Unicef e Fórum da Segurança Pública
Os dados foram coletados pelas Secretarias de Segurança Pública dos estados e se referem a pessoas de 0 a 19 anos.
A Amazônia Legal é formada por nove estados: Acre, Amazonas, Roraima, Rondônia, Pará, Amapá, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão. A região ocupa 59% do território brasileiro e abriga grande parte da população indígena do país.
Crianças e adolescentes pretas e pardas são as principais vítimas
Na Amazônia Legal, as principais vítimas de estupro são meninas de 10 a 14 anos que vivem em áreas rurais.
Quando o recorte é por raça, as crianças e adolescentes negras representam 81% das vítimas. Esse cenário é oposto do restante do Brasil, onde a maior incidência de violência sexual havia sido registrada entre meninos e meninas brancos.
Na região, crianças negras têm três vezes mais chances de morrer de forma violenta, especialmente em ações policiais. Jovens de 15 a 19 anos que vivem em áreas urbanas da Amazônia Legal estão 27% mais vulneráveis à violência letal do que adolescentes da mesma idade em outras partes do país.
As ações policiais causaram 16,9% das mortes violentas de crianças e adolescentes na Amazônia Legal. Segundo o estudo, sem o uso de força letal, esse número seria um terço menor.
No triênio 2021-2023, 91,8% das crianças e adolescentes mortas por policiais na Amazônia Legal eram negras. Apenas 7,9% eram brancas e 0,3% indígenas.
Fonte: Unicef e Fórum da Segurança Pública