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Amazônia: iracionalidade, caos e destruição

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Em seis anos, o Brasil aplicou um bilhão de dólares (em torno de R$ 3,8 bilhões) no controle das atividades que agridem o meio ambiente.

É um orçamento relativamente pequeno diante dos problemas ecológicos no país. Seus resultados se reduzem ainda mais porque o governo tem aceitado diminuir as exigências da legislação ambientalista e tem sido condescendente com os crimes praticados contra a natureza.

O vilão da história é o desmatamento, que tem influência direta sobre a emissão de carbono na atmosfera.

Entre 2005 a 2012, o Brasil reduziu suas emissões de carbono em 54%, graças, sobretudo, à diminuição – em 78% –do desmatamento nesse período.

A partir de 2013, porém, a destruição de floresta – por seu abate ou queima – voltou a subir, num ambiente mais permissivo e tolerante às agressões ambientais.

É o que garante uma pesquisa publicada na revista Nature Climate Change, divulgada na segunda-feira da semana passada. O título do artigo diz muito sobre o seu conteúdo: “A ameaça da barganha política para a mitigação climática no Brasil”.

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e da UnB (de Brasília) denunciam retrocessos nas leis ambientais em troca de apoio político para o governo, principalmente pela bancada do agronegócio no parlamento.

Com o recrudescimento do desmatamento poderá descumprir suas metas do Acordo de Paris para redução de emissões de gases de efeito estufa. Os pesquisadores calculam que o menor controle do desmatamento pode custar até US$ 5,2 trilhões (quase R$ 20 trilhões) para o resto do mundo até 2059. A conta, porém, não será apenas repassada para outros países: ela também terá que ser paga por outros setores da economia nacional, aos quais será imposta uma redução ainda maior das suas próprias emissões.

O valor é até três vezes superior ao que seria gasto pelo Brasil para conter as emissões através da preservação ambiental, que é medida de antecipação, ao invés de reparar os danos causados. Os estudiosos lembram que as ações de controle do desmatamento, já bem conhecidas como as mais baratas para a mitigação climática.

Ao invés de retomar a política de combate ao desmatamento, por todas as suas vantagens e ganhos, o governo, por impulso político, prefere afrouxar as regras e a fiscalização. Os pesquisadores admitem que as altas emissões por desmatamento ainda podem ser compensadas dentro do Brasil, assegurando o cumprimento das metas assumidas pelo país no Acordo de Paris, mas a um custo mais alto para outros setores da economia.

Calculando os valores dos investimentos necessários em energia elétrica, transportes, combustíveis e indústria, os pesquisadores da UFRJ chegaram a um gasto de até US$ 2 trilhões (R$ 7,6 trilhões) até 2050. Alguns desses investimentos tecnológicos nem trarão benefícios ao desenvolvimento do país: servirão apenas para capturar carbono, “um custo evitável”, segundo os pesquisadores.

Os números apontados impressionam tanto quanto os resultados de uma ação conforme a sugerida pela ciência. Por mais que os defensores dessas políticas apontem os procedimentos que levariam a um resultado mais vantajoso, suas sugestões parecem colidir com um muro intransponível, que separa o mundo do conhecimento produzido pela ciência do mundo dos que agem na Amazônia.

Daí a irracionalidade, o caos e a destruição marcante na sua história no último meio século. Não é à toa que uma das suas principais marcas é a violência – a mais extrema violência.

 

LÚCIO FLÁVIO PINTO
Jornal Pessoal (Belém-PA)
Fotos: Montezuma Cruz [em São Francisco do Guaporé-RO]

 


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