Engenheiros abraçam o projeto Papa-pilhas durante congresso estadual em Porto Velho
A luta contra a poluição de metais pesados em Porto Velho está apenas começando.
Papa-pilhas, o projeto de acadêmicos de engenharia civil, ambiental e sanitária da Faculdade Uniron (zona leste) para recolhimento de pilhas e baterias usadas, foi mostrado nesta sexta-feira (20) durante o XV Congresso Estadual do Sindicato dos Engenheiros do Estado de Rondônia.
Três acadêmicas apresentaram os resultados parciais dos primeiros três meses do projeto.
Constatou-se que 54% das pilhas consumidas e descartadas em Porto Velho são do tipo aa [padrão de pilha seca criada em 1907, o mais produzido no mundo; e em seguida a pilha palito, com 22,5%.
Pilhas e baterias contêm cádmio, chumbo, lítio, manganês, mercúrio, níquel e zinco. O mercúrio é campeão de intoxicações e o zinco atinge crianças. Esses metais estão associados a diversas doenças, entre as quais, o câncer – a pior.
Para o professor de química e coordenador do projeto, César Guimarães, o trabalho inicial demonstrou "o contrário da desculpa da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), segundo a qual, a maioria das pilhas em uso são importadas".
Segundo ele, há casos a estudar, a exemplo de Guajará-Mirim (40 mil habitantes), na fronteira Brasil-Bolívia, pilhas estrangeiras são muito consumidas por causa da super oferta em lojas de Guayaramerín (Beni), do outro lado do rio Mamoré.
"Contudo, no geral, a maior parte das pilhas descartadas é de fabricação chinesa e o recolhimento resultou apenas 12% de marcas estrangeiras, cujo distribuidor é nacional", ele explicou.
A boa notícia, segundo apurou o grupo de 30 alunos do professor Guimarães: na primeira fase de recolhimento, dentro dos blocos da Uniron, houve predominância de pilhas alcalinas, mais caras, com duração quatro vezes maior do que as demais; não possuem metais pesados e representam 65% do descarte em todo o estado.
DANOS CONHECIDOS SÓ DEPOIS DE 1970
As primeiras pilhas no mundo foram fabricadas em 1800, portanto, 218 anos atrás, e somente em 1970 surgiram as primeiras literaturas a respeito dos danios causados pelas pilhas.
"A fiscalização ainda é o maior desafio; falta consciência dos fabricantes e dos usuários", explicou o professor à banca de engenheiros liderados pelo presidente do Senge, Ademir Augusto da Silva Cunha.
A vilã do lixo caseiro, comercial continua perigosa, ele advertiu."Ainda varremos a sujeira para baixo do tapete, mesmo tomando conhecimento de doenças graves produzidas por substâncias tóxicas".
Lembrou, por exemplo, que animais bípedes e quadrúpudes se alimentam com ervas e capins contaminados por pilhas, e na cadeia alimentar empurram o veneno de volta à sociedade.
CONCLUSÃO EM NOVE MESES
O Papa-pilhas inteirou esta semana três meses de execução. Contêineres produzidos artesanalmente com garrafas vazias de Coca-Cola servem para o recolhimento de pilhas usadas. Posteriormente, elas passarão por triagem e serão remanejadas para bombonas.
Na sequência, os acadêmicos irão elaborar o tratamento de dados estatísticos. Dentro de nove meses o projeto será consolidado.
A Uniron pretende sensibilizar a população para se engajar na campanha de recolhimento e destinação correta de pilhas e baterias usadas.
MONTEZUMA CRUZ
Com fotos de José Francisco Nascimento
Conheça o Projeto Papa-pilhas:
Professores e acadêmicos de engenharia lançam projeto antipoluição
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