Morre jovem baleado há quase 2 meses pela PM em RO; família diz que abordagem foi 'desastrosa'

Alex da Silva passou mais de um mês na UTI e morreu em Porto Velho. Confundido com bandido, ele teria sido baleado por um PM ao tirar a carteira da bermuda.
Foi enterrado nesta quinta-feira (29) o corpo do jovem Alex da Silva Menezes, de 20 anos, baleado por um policial durante uma abordagem no dia 9 de outubro, em Porto Velho. O rapaz ficou internado por um mês e 20 dias no hospital João Paulo II e morreu na quinta-feira (28).
Ao G1, a família do rapaz lamentou o óbito e classificou a abordagem policial como "desastrosa". Segundo eles, o policial envolvido no caso não agiu de acordo com a lei e atirou no rapaz de forma criminosa, para matar.
De acordo com registro policial, Alex foi baleado por um policial do núcleo de inteligência da PM, na noite do dia 9 de outubro, quando caminhava pela rua Lúcia de Carvalho, no bairro Teixeirão, Zona Leste da capital.
Os policiais tentavam rastrear uma motocicleta roubada. Ao ser abordado, o rapaz teria feito menção de sacar algo da bermuda e acabou alvejado. Alex estava apenas com uma carteira porta cédulas. Ele foi socorrido pela própria PM e levado ao hospital João Paulo II.
Devido à gravidade do ferimento, Alex da Silva Menezes teve que ser submetido a nove cirurgias e acabou perdendo um rim e a vesícula. Nos últimos dias, o quadro de saúde se agravou e ele acabou morrendo. “Morreu em decorrência do tiro”, informou a irmã de Alex, Luana da Silva Menezes.
Versão da família
Segundo a irmã de Alex, ele estava de folga e bebia com um vizinho, em frente a casa onde mora. A bebida acabou e os dois foram comprar mais cerveja.
“Ele tem uma moto, mas os dois foram a pé”, informou Luana da Silva. No caminho, Alex e o vizinho foram abordados por policiais que estavam descaracterizados, conhecidos como P2, do serviço velado da Polícia Militar.
“O Alex levantou a camisa e puxou a carteira que estava no cós da bermuda. O amigo dele percebeu que os policiais iam sacar as armas deles e avisou que Alex não era vagabundo e que não estava armado, mesmo assim o policial atirou”, lamentou Lúcia de Carvalho.
A irmã diz que Alex era uma pessoa trabalhadora. "Nunca foi preso e nem gostava de andar de turma. Os amigos todos são evangélicos e ele era um rapaz de boa índole”, comentou, dizendo que o policial envolvido no caso é “despreparado”.
A família alega ainda que não foi avisada pela PM sobre o ocorrido. “Só soube da história quando ele (Alex) já estava na UTI e já tinha passado por cirurgia”, afirmou.
Depois de socorrer o rapaz, os policiais levaram o vizinho da vítima à Central de Polícia. Lá, ele foi mantido preso até às 4h da manhã do dia seguinte e, só ao sair, informou o caso à família de Alex.
“O boletim de ocorrência foi registrado como roubo de veículo”, disse o advogado que está orientando a família.
Segundo o pai de Alex, o sitiante Antônio Lorival dos Santos Menezes, o filho dele era um rapaz brincalhão e, por um erro de interpretação, acabou baleado pelo PM.
“Ele não acreditou que o homem que o abordou era policial, por isso brincou”, acentuou, acrescentando que tudo que quer agora é justiça. “A família ainda não sabe o que fazer, mas já temos a orientação de um advogado”, diz.
Outro lado
À reportagem, a assessoria da Polícia Militar (PM) informou que a Corregedoria vai abrir um inquérito policial militar para apurar os fatos detalhadamente.