NEM DEBATE, NEM CONTRADITÓRIO – Campanha fica só na internet e na mídia bolsonarista
Com 16 pontos de vantagem sobre Haddad no primeiro Datafolha do segundo turno (58 a 42), Bolsonaro fez o que já era esperado: refugiou-se em seu bunker da Barra da Tijuca.
De lá ele bate e se esconde nas redes sociais, armado de um atestado médico que o “impede” de ir aos debates e às ruas para mostrar a cara.
Passa o dia mandando mensagens ao distinto eleitorado pelo twitter, como faz Donald Trump, depois amplamente reproduzidas na mídia bolsonarista, sem debates nem contraditório.
A debates ele não irá mesmo, já deixou bem claro. Se não iria antes, agora, com a larga vantagem aberta na pesquisa, é que terá mais razões para ficar em casa.
Ali ele dá entrevistas a emissoras e repórteres previamente selecionados, só fala o que quer e não dá a menor bola para a torcida.
Tudo isso sem falar que, no Facebook, o capitão tosco, mas sabido, ganha de goleada: são 7,3 milhões de seguidores, contra 1 milhão e pouco de Haddad. É uma covardia.
De outro lado, a campanha do petista roda em falso, sem conseguir sair do lugar para construir a tal frente democrática.
Limitou-se a tirar Lula e o vermelho da propaganda, como se isso vá fazer grande diferença.
Haddad contava com Ciro Gomes em seu palanque, como seu maior trunfo no segundo turno, mas o PDT limitou-se a dar um “apoio crítico” (o que é isso?).
Em seguida, para deixar bem claro que não quer mais nada com a hora do Brasil, Ciro arrumou as malas para viajar à Europa com a família.
E, ainda por cima, sua vice, a pecuarista Katia Abreu, teve a brilhante ideia de pedir a renúncia de Haddad para colocar Ciro em seu lugar.
A maioria dos partidos se declarou neutra no segundo turno, e o Datafolha mostrou que o apoio deles também não faz mesmo nenhuma diferença.
Para completar, viúvas tucanas estão fazendo campanha pelo voto branco e nulo no segundo turno, o que só beneficia Bolsonaro.
Tudo está correndo a favor do capitão, sem que ele tenha que fazer nenhuma força, no embalo do antipetismo galopante, que já está barbarizando nas ruas, na maior impunidade, como mostrei ontem durante toda a tarde no Facebook..
Em nenhuma outra eleição pós-ditadura, tivemos uma diferença tão grande entre o primeiro e o segundo colocados na abertura do segundo turno.
Lamento muito, mas esta é a realidade, a apenas 17 dias do segundo turno.
Não vejo como se possa mudar este cenário em tão pouco tempo, pois não se trata de ser otimista ou pessimista, mas apenas realista.
Caminhamos bovinamente para o matadouro da democracia e da civilidade, sem nenhuma chance de sairmos tão cedo do buraco em que nos metemos.
Só um fato novo excepcional, absolutamente fora do radar, poderá operar o milagre de fazer a transfusão de votos de Bolsonaro para Haddad.
Se o capitão reformado do Exército e o vice, general Mourão, não falarem mais nenhuma bobagem monumental, e não fizerem mais nada, os militares voltarão ao poder pelo voto em 2019.
Quem poderia imaginar isso apenas um ano atrás? Daí para a frente, ninguém sabe o que pode acontecer.
Espero apenas que o país não vá sentir saudades da turma do Temer e da sua ponte para o futuro, que já nos levou ao seu glorioso destino: as profundezas do brejo.
Ainda há esperanças?
Vida que segue.
RICARDO KOTSCHO
Blog Balaio do Kotscho
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