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Haddad contra seu maior adversário: a rejeição galopante

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A rejeição ao candidato do PT dobrou nos últimos 30 dias e chegou a 47%. Sem reduzir esse número, sua chance de ser eleito é zero

O que você faria se disputasse as eleições presidenciais contra um candidato que defende a tortura e a ditadura, fala em retirar direitos, foge de debates, e tem um histórico político que vai de encontro às bandeiras que agora defende? Subir o tom para apontar os evidentes defeitos e incoerências de seu adversário parece a resposta óbvia.

E é o que vem fazendo nos oitos dias que já se passaram de segundo turno o petista Fernando Haddad (PT) na disputa com Jair Bolsonaro (PSL). Campo para críticas não falta. Ontem, dia do professor, a artilharia foi centrada numa proposta do adversário de incentivar a educação a distância para o ensino fundamental. “Essa ideia é a destruição da escola pública”.

Desconstruir o adversário que tem 59% das intenções de voto, segundo o Ibope de ontem à noite, é fundamental, analisam especialistas em eleições. O problema número um: não está funcionando, como mostra o próprio Ibope, que dá a Bolsonaro apenas 35% de rejeição. O problema número 2: se planeja ganhar a eleição, Haddad tem que dar um jeito de reduzir sua própria rejeição, que bateu em 47%, segundo o Ibope.

“Pelo visto não será Bolsonaro que vai ganhar esta eleição, mas antes Haddad que vai perder com a grande rejeição ao PT”, escreveu ontem a seus clientes André Perfeito, sócio da corretora Spinelli. Para Perfeito, a confirmação da ampla vantagem de Bolsonaro não deve levar a novas ondas no mercado financeiro, que agora espera por propostas mais claras do candidato, “algo que só deve acontecer após o dia 28”.

A rejeição a Haddad vem de seu partido, responsável pela maior crise econômica da história e por criar um esquema de corrupção sem precedentes no Brasil, mas também por uma máquina de produção de notícias falsas sem precedentes no país.

O caminho para Haddad tentar derrubar sua rejeição passa pela economia, uma vez que as críticas no campo dos costumes não deram resultado — numa dinâmica que ainda vai ocupar estudiosos políticos e sociais por muito tempo. “Os eleitores de Bolsonaro acham que ele quebra a hipocrisia ao defender os cidadãos comuns”, diz o economista Joel Pinheiro da Fonseca, colunista de EXAME. “Por outro lado, suspeito que parte desse antipetismo alarmista seja desejo de votar no Bolsonaro mesmo”.

O fato é que o petista precisa se mostrar capaz de evitar que seu partido leve o país de novo à bancarrota, como aconteceu no segundo mandato de Dilma Rousseff. Também deve mostrar que não tirará Lula da cadeia, e que sua influência sobre o próximo governo será limitada, assim como de outros caciques petistas sempre às voltas com o radicalismo, como José Dirceu e Gleisi Hoffmann. Mas Haddad só tem 12 dias até os brasileiros irem às urnas, e uma rejeição que dobrou nos últimos 30 dias.

Fonte: Exame

 


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