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Falta de consciência política é um grande entrave à cidadania

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ColunistaLúcio Albuquerque

“Votar é um direito do cidadão” é uma das frases comuns no período que se aproxima, porque dentro de seis meses e alguns poucos dias todo cidadão brasileiro maior de 18 anos e até 70, mesmo analfabeto ou, então que tenha entre 16 e 18 mas decidiu se alistar assim mesmo, terá de exercer seu “sentido maior de cidadania”, ir à seção e à urna designadas e escolher dentre uma pilha de nomes quem serão os novos prefeitos e vereadores.

Votar, como no Brasil onde não há partido único, é exercer a democracia – palavra que desde a antiga Grécia, significa “governo do povo”, ou “governo popular”, em contraposição a outras formas de governo. E quando se pergunta às pessoas se gostam de exercer esse “direito”, o de votar, que sustenta a democracia, muitas vezes a resposta é um “não”. “Se é um direito, por que eu sou punido se decidir não exercer” é uma resposta/pergunta comum. A punição vem em termos de multa, impedimento em tomar posse em cargo público ou tirar passaporte, apenas alguns exemplos.

Ter um direito significa que você pode usar ou não usar, ter direito recorre ao entendimento de que em sendo individual você usa se quiser, e não pode ser punido se deixar de utilizar. É como se o católico não for à missa. É um direito dele optar por ir ao não, mas no caso do voto, também chamado “ação política”, se você não exercer vai ter problemas.

Para muitos a “ação política” representa apenas ir às urnas, e em muitas vezes contra a vontade, e só. De modo muito acentuado o brasileiro entende que cumpre sua responsabilidade cidadã quando aperta aqueles botões da maquininha que já Denunciaram várias vezes conter irregularidades, mas quem manda no sistema continua jurando que não. E fica por isso mesmo.

“Já votei” dizem muitas pessoas eu quando questionadas sobre por que este ou aquele candidato, não sabem responder. Fogem pela tangente, “apertei os botões e seja o que Deus quiser” ou então respostas do tipo “votei porque o candidato é bonito”; “Não tinha de votar? Eu votei e pronto”. Poucos param para pensar que pelos próximos quatro anos seu voto, seja dado aquém perdeu ou a quem ganhou, vai ser usado para decidir a sua vida.

Poucos eleitores admitem que estão dando “um cheque em branco” ao partido ou ao candidato para os próximos quatro anos. Em 2010 entrevistei uma pessoa que exercia a função de secretário de Estado, e o questionei em quem votaria para presidente. Sua resposta, para uma pessoa que sei ter boa formação escolar e social, pareceu-me absurda: “Votei porque o partido mandou. Por mim votaria em outro candidato”.

“Mas você sabe que seu voto pode gerar situações para sua família?”, questionei e ele seguiu. “Sei disso. Pessoalmente sou contra a reeleição dela, a minha mulher já falou isso, mas voto com o partido”.

Há muito se questiona no país o dever de cumprir esse direito. Eu não gosto de nada obrigatório. E nunca gostei de ter de cumprir o “direito de cidadão” votando, apesar de saber da importância política do voto, mas sempre adotei um sistema: analiso nomes, plataformas, comportamentos anteriores (como vou votar num candidato que tenha um passado que é mais uma espécie de “folha corrida” policial?). Na campanha presidencial de 1989 trabalhei, e fui pago, para uma candidatura. Mas ali eu estava vendendo minha força de trabalho, e disse a quem me contratou que não votaria nele, como aconteceu.

Winston Churchill, primeiro ministro da Inglaterra durante a II Guerra Mundial, cunhou uma frase sobre democracia: “É a pior forma de governo, mas aponte outra melhor”. Agora, democracia não quer dizer o despreparo político brasileiro, um país em cujo Congresso, ou em muitos outros parlamentos estaduais e municipais há quem esteja devendo à Lei, e se formos a fundo se poderá ver que fazem do mandato não um instrumento de trabalho a favor do país mas, sim, um guarda-chuva.

Inté outro dia, se Deus quiser!

Lúcio Albuquerque, repórter
 


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