LÍNGUA DE FOGO – Trocamos beleza por segurança elétrica, e não temos
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O mês de setembro era dos que mais gostava quando cheguei em Rondônia em março de 1979. E tinha dois motivos especiais para isso, além da chegada da primavera.
Uma das alegrias foi substituída por outra, maior, que ajudei construir, ainda no início da década de 80. E a outra, não foi trocada nem substituída, mas tirada, já no início da 2ª década do 2º milênio.
Uma perda irreparável, embora em nome de uma boa causa: a construção de duas hidrelétricas nas águas do Rio Madeira.
Estas duas usinas com modernas tecnologias de baixo impacto ambiental, nos daria a segurança, estabilidade e qualidade na geração e fornecimento de energia elétrica.
Coisa de que carecíamos muito, já que a pequena Hidrelétrica de Samuel junto com as usinas termoelétricas a diesel da Eletronorte, não davam conta.
Sofríamos ainda, com a histórica inoperância e incompetência da Ceron, que não conseguia levar a energia que tinha disponível, a todas das cidades, vilas e vilarejos. E onde chegava, era intermitente.
Um insumo indispensável para o desenvolvimento do Estado de Rondônia e de cada um dos seus habitantes. Duas super hidrelétricas só para Rondônia e o Acre. Foi a que fomos induzidos a acreditar. Um ato de libertação e de garantia de progresso.
Em nome desta causa a que todos fomos convocados, uma luta de libertação, nos empenhamos e entregamos as belas cachoeiras de Santo Antônio, na área urbana da cidade e a de Teotônio, com suas ilhas de areia branca, suas pedras e o encanto da piracema que enchia balaios e cestas de peixes com simples espichar de braços, a cada setembro.
Cenas que não saem da memória. Setembro era o tempo do Festival de Pesca de Teotônio para onde ocorriam pescadores profissionais e amadores de todos os cantos, atraindo um turismo espontâneo enfrentando uma horrorosa estrada de chão, poeira e buracos.
As pessoas, de todos os matizes sociais, com panelas, bacias e baldes cheios de peixe que não paravam de pular, subindo a cachoeira para desovar, caiam dentro das vasilhas. Era de uma alegria e uma felicidade indescritível.
Os namoros nas ilhas de areia tornavam o lugar mágico, em plena Amazônia. Os sons de forró e lambada tomavam conta dos bares e restaurantes cheios. O cheiro de peixe frito no ar. O murmúrio gutural das cachoeiras invadindo os corações. O dia passava e a gente nem via.
Tudo isso se perdeu. A renúncia em nome de um suposto bem maior, não valeu a pena. Logo se descobriu que a energia gerada pelas duas usinas e a de Samuel, não era só para Rondônia e Acre. Mas para o Brasil através do Sistema Integrado Nacional (SIN) que nos deixou na mão nesta última 5ª feira.
E pior ainda: pagamos uma das mais altas tarifas de energia elétrica do país. Não temos nenhuma vantagem por sermos produtores de um produto essencial.
O cidadão consumidor do Paraná, por exemplo, paga em torno de R$ 0,60 por quilowatt e nós pagamos R$ 0,90.
Por quê? Digo: caímos num estelionato e ainda somos roubados.
Por quê? Respondo de novo: não temos congressistas (deputados e senadores), nem governadores que nos defendam. Por isso, ‘só sobra pro nosso’.
É do que trata o ‘Língua de Fogo’ de hoje.
Veja o vídeo, a seguir, e faça o seu próprio juízo. Aproveite e se inscreva na página noticiastudoaqui no youtube, e acompanhe, também, outros conteúdos como o podcast ‘Sem Papas na Língua’ publicado toda terça-feira, às 17hs30.
Veja agora, manifestações complementares sobre os fatos acima, em pequenos vídeos.
Fonte: noticiastudoaqui.com
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