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SONHO DERROTADO, BAIXA A CABEÇA - Lula parabeniza Trump, defende diálogo e fala em trabalho conjunto

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Presidente tenta estabelecer pontes após falar em 'nazismo voltando a funcionar com outra cara' ao declarar apoio a Kamala

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) parabenizou, nesta quarta-feira (6), Donald Trump pela vitória nos Estados Unidos e desejou sorte ao novo governo. A declaração foi feita nas redes sociais, após a confirmação de que o republicano foi eleito o novo presidente americano.

"Meus parabéns ao presidente Donald Trump pela vitória eleitoral e retorno à presidência dos EUA. A democracia é a voz do povo e ela deve ser sempre respeitada. O mundo precisa de diálogo e trabalho conjunto para termos mais paz, desenvolvimento e prosperidade. Desejo sorte e sucesso ao novo governo", afirmou.

O presidente adotou tom pragmático e conciliatório após a vitória de Trump, mas na semana passada declarou apoio contundente à adversária Kamala Harris.

Na sexta-feira passada (1º), ele disse que sua vitória seria "mais segura" para a democracia e citou os ataques ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021, quando Trump incitou seus apoiadores a invadir o Congresso no dia que a Casa certificava a vitória de Biden.

"Agora temos o ódio destilado todo santo dia, as mentiras, não apenas nos EUA, na Europa, na América Latina, vários países do mundo. É o fascismo e o nazismo voltando a funcionar com outra cara", afirmou na ocasião.

"Como sou amante da democracia, acho coisa mais sagrada que nós humanos conseguimos construir para bem governar o nosso país, obviamente estou torcendo para Kamala ganhar as eleições."

A disputa dos Estados Unidos também foi polarizada no Brasil, ao passo que Jair Bolsonaro (PL) declarou apoio a Trump. Seu grupo político é alinhado ao do republicano, e o seu filho e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) esteve na Florida acompanhando a vitória do aliado.

A postura do petista de reconhecimento da vitória de um adversário difere da de Bolsonaro, quando em 2020 Biden foi eleito para a Casa Branca. Na ocasião, o então presidente demorou quase 40 dias para reconhecer o resultado.

Apesar da preferência declarada pela democrata, a declaração de Lula converge com linha pragmática adotada pelo seu governo. Auxiliares mencionam a relação com a Argentina, onde está mantido o pragmatismo, apesar de o país ser governado por alguém que já criticou abertamente Lula, Javier Milei.

O primeiro ministro de Lula a comentar a eleição dos Estados Unidos nesta quarta foi Fernando Haddad (Fazenda). Ele disse que o dia amanheceu "mais tenso" nos mercados, em função do que foi dito na campanha, mas que o discurso pós-vitória de Trump já sinaliza para mais moderação.

"Muito do que foi dito na campanha, possivelmente vai ser moderado, vai ser mediado pela sociedade", disse a jornalistas, na porta do ministério.

Questionado se haveria impacto político no Brasil ele minimizou. "É difícil dizer isso, porque você não tem um casamento de eleições, entre o Brasil e os Estados Unidos não se dá assim, não tem um automatismo. Existe um fenômeno de extrema-direita no mundo crescente. Mas isso não é de agora, né?".

Integrantes do governo Lula se surpreenderam com a margem folgada da vitória do republicano, que ganhou na maioria dos estados-pêndulo.

(folha de s. paulo)

 


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