Redação, Rondônia, 27 de setembro de 2025 — No coração das florestas amazônicas, emerge uma das criaturas mais fascinantes e delicadas da fauna brasileira: a perereca-de-vidro. Com pele translúcida, esse anfíbio permite enxergarmos seus órgãos internos — incluindo o coração — e vive à sombra da mata, quase invisível aos olhos humanos.
Quem é ela?
- A perereca-de-vidro pertence à família Centrolenidae, um grupo de anfíbios que apresenta como marca registrada uma pele do ventre tão fina que revela o interior do corpo.
- Não se trata de uma espécie única, mas de várias dentro dessa família, com diferentes distribuições geográficas e peculiaridades.

Onde vive em Rondônia
- Diversas espécies foram registradas no estado, incluindo Hyalinobatrachium munozorum, Teratohyla midas, Vitreorana ritae, todas observadas em Porto Velho.
- Outra espécie, Teratohyla adenocheira, foi encontrada em Campo Novo de Rondônia.
Características marcantes
- Pele transparente: Esse aspecto central da perereca-de-vidro não é mero detalhe estético — é resultado da epiderme extremamente fina e da quase ausência de pigmentos em certas regiões do corpo. Essa transparência funciona como camuflagem, ajudando o animal a se misturar à folhagem úmida da mata.
- Tamanho e hábitos: São anfíbios pequenos, geralmente com menos de 3 cm, arborícolas (vivendo em árvores ou vegetação próxima à água), dependentes de habitat com muita umidade.
- Reprodução: As fêmeas depositam ovos sobre folhas que ficam acima de riachos ou cursos de água. Após a eclosão, os girinos caem na água e completam seu desenvolvimento ali. Alguns machos demonstram cuidado parental, protegendo os ovos, impedindo que sequem ou sejam comidos.
Ameaças e conservação
- As espécies de perereca-de-vidro enfrentam ameaças significativas, entre elas:
- Destruição de habitat, especialmente matas ciliares — a vegetação nas margens de rios — que são fundamentais para seus ciclos de vida.
- Poluição da água e do solo, uso de agrotóxicos, que podem penetrar sua pele facilmente.
- Fragmentação de florestas, alterações no microclima e perda de ambientes úmidos.
- Apesar de sua beleza e singularidade, as pererecas-de-vidro são pouco vistas em levantamentos de fauna. Isso se deve tanto à sua discrição — por conta da camuflagem natural — quanto à escassez de estudos específicos sobre elas na Amazônia, inclusive em Rondônia.
Por que observar e preservar
- Essas pererecas são indicadores ambientais importantes: sua presença (ou ausência) sinaliza a saúde dos ecossistemas aquáticos e florestais.
- Sua invisibilidade natural pode fazer com que sejam esquecidas em políticas de preservação — mas justamente isso acentua a urgência de atenção científica e proteção legal.
- Preservá-las é preservar também parte do patrimônio biológico amazônico, dos cursos de água limpos, das matas intactas e de toda a cadeia ambiental que depende disso.
Fonte: noticiastudoaqui.com