SUPERAÇÃO E MISSÃO - Procurador Reginaldo Trindade transforma dor pessoal em movimento de apoio a depressivos

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Após anos de sofrimento com depressão, Reginaldo Trindade fundou o Movimento dos Depressivos Conhecidos (MDC), que já reúne centenas de pessoas em busca de acolhimento, conscientização e esperança.“Olá, pessoal. Eu sou Reginaldo Trindade, Procurador da República, membro do Ministério Público Federal, e sofri por mais de meia década com depressão. Foi um período tão difícil, tão angustiante, tão desafiador, que nos meus momentos de maior sofrimento, eu desejei estar com câncer, em vez de ter depressão. Isso por uma razão muito simples. Câncer desperta a compaixão de todas as pessoas. A depressão não. A depressão pode despertar o que há de pior no ser humano.”

É a partir desse relato pessoal e direto que surgiu o Movimento dos Depressivos Conhecidos (MDC), idealizado por Reginaldo Trindade em janeiro de 2023. Com a marca “Amor Curando a Alma”, o grupo já reúne centenas de pessoas e nasce com três objetivos centrais: esclarecer a sociedade, combater o preconceito e ajudar o maior número possível de pessoas que enfrentam doenças da alma.

Desde 2023 o movimento tem apoio da Assembleia Legislativa de Rondônia (Alero) e esse ano, o presidente Alex Redano (Republicanos) destacou as ações e o compromisso da Casa em apoiar ações voltadas à saúde mental da população.

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Segundo Reginaldo, Rondônia foi o estado com maior taxa proporcional de mortes por suicídio em 2022 (Foto: Rafael Oliveira I Secom ALE/RO)

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Segundo ele, a instituição mantém as portas abertas para que o tema receba a devida atenção e sirva de exemplo a outros órgãos públicos. “A depressão precisa ser tratada como prioridade, e estamos preparados para colaborar com projetos que ofereçam suporte e acolhimento a quem mais necessita”, afirmou.

Uma trajetória marcada por perdas e luta

O procurador relata que sua depressão se agravou a partir de 2019, quando passou por uma série de tragédias pessoais: o fim de um relacionamento de mais de duas décadas, a morte da mãe em 2020 e, no ano seguinte, a perda do irmão caçula para a covid-19. “Foi uma sucessão devastadora de tragédias. Ressignifiquei, mas continuei sofrendo barbaramente até 2021, 2022 e, de certo modo, até hoje ainda luto contra isso”, admite.

Foi desse enfrentamento que nasceu a ideia de criar o MDC. “O MDC foi uma estratégia que idealizei para ajudar a mim mesmo, em primeiro lugar, e depois, quem sabe, ajudar as pessoas. Teremos de conseguir isso por todos os meios possíveis, tudo que o engenho humano puder produzir nós haveremos de fazer também.”

Encontro com os servidores da Casa de Leis (Foto: Rafael Oliveira I Secom ALE/RO)

Atuação prática e abrangente

O movimento já realiza encontros terapêuticos semanais, oferece acolhimento com psicólogos, psicanalistas e psiquiatras, além de visitas em residências, escolas, igrejas, órgãos públicos e empresas. Também promove eventos, palestras, produções culturais e campanhas de conscientização.

“Costumo brincar que a gente só não vai roubar, nem matar, nem mentir. Nossa luta há de ser travada no campo da mais absoluta integridade”, afirma Trindade. Para ele, só quem já enfrentou a depressão sabe da profundidade dessa dor invisível: “É terrível não ter com quem falar, porque, não raro, nós, depressivos, escutamos as coisas mais terríveis, inclusive de pessoas próximas. Coisas como ‘você não tem motivo para estar triste’ ou ‘está precisando de uma enxada’, frases que machucam ainda mais.”

A dimensão da crise

Os números reforçam a gravidade da causa. Segundo Reginaldo, Rondônia foi o estado com maior taxa proporcional de mortes por suicídio em 2022. Ele lembra ainda que os índices da região Norte estão entre os mais preocupantes do país e que, no mundo, mais de um milhão de pessoas morrem anualmente vítimas da depressão — uma morte a cada 40 segundos.

“Só acha que depressão é frescura, preguiça, fraqueza ou falta de Deus quem nunca sofreu”, alerta o procurador. Para ele, toda estatística sobre a doença ainda é subestimada, pois muitas pessoas escondem ou silenciam seu sofrimento.

O amor como resposta

Ao explicar a proposta do MDC, Reginaldo defende que o movimento vai muito além das fronteiras locais. “Desde o início digo que o MDC vai ganhar Porto Velho, o interior, outros estados e, eventualmente, o mundo. Não por talento pessoal meu, mas porque essa é uma causa da humanidade. A humanidade inteira está adoecida.”

Servidores da Alero durante mobilização da campanha Setembro Amarelo (Foto: Secretaria de Modernização I ALE/RO)

Ele conclui com uma mensagem de esperança: “Nós conseguimos uma vacina para a covid-19 e acabamos com a pandemia. Mas qual é a vacina para a depressão? O MDC oferece humildemente essa vacina ao mundo. É o amor. Só o amor pode curar tantas almas enegrecidas, tantas pessoas que estão no limite do sofrimento.”

Texto: Elianio Nascimento I Jornalista Secom ALE/RO


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