O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital DF Star, em Brasília, sem previsão de alta, mas com boa evolução clínica, segundo a equipe médica que o acompanha.
Ele deverá ficar internado pelo menos mais duas semanas e enfrentar restrições no pós-operatório por um período de dois a três meses, afirmaram os médicos que fizeram sua cirurgia de desobstrução intestinal no domingo (13).
O procedimento, considerado complexo, durou 12 horas e foi o mais longo dos seis já realizados desde que o ex-presidente levou uma facada na campanha eleitoral de 2018.
Em nota divulgada no final da tarde desta segunda-feira, o DF Star informou que ele se mantém "acordado, orientado, sem dor, sangramentos ou outras intercorrências" e que, ao longo do dia, sentou-se no leito e chegou a caminhar com ajuda.
Inicialmente, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro havia publicado em rede social que o ex-presidente já estava no quarto. De acordo com o chefe da equipe cirúrgica, Cláudio Birolini, ela quis dizer que ele já havia saído do centro cirúrgico.
Na tarde desta segunda-feira, Michelle postou nas redes sociais fotografia do ex-presidente em uma cama hospitalar e a mensagem "já deu tudo certo".
Bolsonaro, por sua vez, postou informações sobre suas condições de saúde e disse que sua recuperação "exige cuidados intensivos e será gradual".
"Meus mais sinceros agradecimentos para todos neste momento. Um forte abraço em cada um e repito: voltaremos!", escreveu.
- Estou internado no Hospital DF Star, em Brasília, me recuperando de mais uma cirurgia que durou cerca de 12 horas. O procedimento foi necessário para tratar uma obstrução provocada por dobras no intestino delgado. Segundo os médicos, meu estado de saúde é estável, mas a… pic.twitter.com/lFvDKyeDeE
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) April 14, 2025
O ex-presidente começou a passar mal na sexta-feira (11), no interior do Rio Grande do Norte, onde participaria de evento em favor da anistia aos condenados pelo 8 de janeiro. Foi transferido de helicóptero para Natal e, no dia seguinte, para o DF Star.
Birolini, que o acompanhou desde a internação na capital potiguar, afirmou que, na primeira avaliação, não havia indicação de procedimentos de urgência ou emergência.
No entanto, Bolsonaro manteve a distensão abdominal, e exames mostraram alterações no PCR, um indicador de infecção.
"Gradativamente, desde Natal até a chegada aqui, ele apresentou essa alteração, precisamente, que se chama PCR, que nos indica que tem alguma coisa acontecendo."
Ainda de acordo com o médico, a equipe optou pela cirurgia por detectar ter havido uma mudança significativa em um curto espaço de tempo. "Para a gente, é um sinal precoce que tem uma coisa desandando."
O cirurgião deu as informações em entrevista coletiva concedida ao lado dos cardiologistas Leandro Echenique e Ricardo Camarinha, do diretor médico do DF Star, Guilherme Meyer, e do diretor-geral do hospital, Allisson Barcelos Borges.
A situação do ex-presidente foi classificada pela equipe como a de um "intestino hostil", com aderências e uma parede abdominal prejudicada.
Aderências são uma espécie de "cola" biológica resultante de processos de cicatrização, seja de um trauma como a facada ou de uma cirurgia na região. Ao endurecerem, elas formam cordões que podem grudar ou juntar partes do corpo, eventualmente obstruindo a passagem de alimentos.
O quadro é decorrente da facada de 2018, segundo Birolini. As cinco cirurgias subsequentes propiciaram ainda mais condições para o surgimento de aderências.
"O ponto de início é a facada. Posteriormente, as outras cirurgias de reconstrução, todas elas têm um fator, um papel no quadro atual. O objetivo dessa cirurgia foi reverter todos esses fatores que poderiam contribuir para uma nova ocorrência", informou Birolini.
Pela dimensão do procedimento, o pós-operatório exige atenção e cuidados específicos, sobretudo nas primeiras 48 horas. Agora, a orientação médica é que Bolsonaro tenha agenda e visitas restritas.
"Ele tem uma agenda bastante intensa, e é difícil segurar ele. Eu vou tentar segurar, na medida do possível, mas ele tem o ritmo dele", disse o chefe da equipe.
O ex-presidente será mantido, inicialmente, com nutrição na veia, e ainda não há previsão de quando voltará a se alimentar por via oral. Isso só deve acontecer quando o intestino voltar ao funcionamento fisiológico normal, segundo os médicos.
Questionado sobre a alimentação e estilo de vida de Bolsonaro, o médico afirmou que não foi identificado nenhum alimento que pudesse ter desencadeado o episódio e que "o fato de ele comer pastel com caldo de cana não afeta" o funcionamento dos órgãos.
"O intestino estava bastante sofrido, o que nos leva a crer que ele já vinha com esse quadro há alguns meses", disse. "Esperamos que ele não precise de uma nova cirurgia nas próximas horas. Novas aderências vão se formar, isto é esperado."
Birolini também informou pela manhã que o ex-presidente estava acordado e já teria feito, inclusive, piada. Boletins diários devem ser divulgados após autorização da família.
(Folha de S. Paulo)
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