Brasília, 03/06/2025 - O líder do Partido Liberal (PL) na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ), manifestou nesta terça-feira (3) “total e irrestrita solidariedade” à deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), após ela anunciar que deixou o Brasil para residir na Europa. A parlamentar, que foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a uma pena de dez anos de prisão, afirmou que buscará se afastar do mandato e pretende fixar residência fora do país.

Em suas redes sociais, Sóstenes criticou duramente o que classificou como uma perseguição política e afirmou que Zambelli foi “forçada a deixar o país, não por crime, mas por opinião”.

— Mais uma vez, vemos o Judiciário ultrapassar os limites constitucionais para perseguir parlamentares conservadores. Quando a voz da maioria é silenciada por decisões de poucos, não estamos mais em uma democracia, estamos em estado de exceção. Que Deus abençoe seu caminho, Zambelli — escreveu o parlamentar, acrescentando a hashtag #RespeitemOParlamento.

Além do apoio à colega de partido, Sóstenes também desejou sucesso à mãe de Zambelli, Rita Zambelli, e ao filho da deputada, João Zambelli, que, segundo ele, pretendem disputar cargos nas próximas eleições. “A luta continua”, afirmou.

Em outra publicação, o líder do PL voltou a criticar a decisão do STF e classificou o processo contra Zambelli como “mais uma prova da escalada autoritária que vivemos”.

— Sem trânsito em julgado, com base em interpretações subjetivas, querem cassar uma mulher que teve mais de 1 milhão de votos — por porte irregular de uma arma registrada, sem disparo, e sem feridos. Perseguir conservadores virou rotina. Mas calar a vontade popular jamais será normal. A liberdade de expressão e a soberania do voto não podem ser anuladas por narrativas políticas — reforçou Sóstenes.

Zambelli é condenada, mas nega acusações

Carla Zambelli é alvo de um inquérito no STF por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal, após um episódio em que perseguiu um homem armado às vésperas das eleições de 2022. Esse julgamento foi suspenso em março deste ano, após pedido de vista do ministro Nunes Marques.

Em maio, entretanto, a parlamentar foi condenada a dez anos de prisão em outro processo, desta vez por invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e falsidade ideológica. A decisão, unânime, foi tomada pela Primeira Turma do STF, que considerou que Zambelli teria ordenado ao hacker Walter Delgatti Neto a invasão de sistemas do CNJ com o objetivo de adulterar documentos e até forjar um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF. A deputada nega todas as acusações.

Anúncio da mudança

Zambelli revelou sua mudança para a Europa durante uma transmissão ao vivo em seu canal no YouTube, na manhã desta terça-feira. Segundo a deputada, a ida ao continente europeu inicialmente visava a continuidade de um tratamento médico que já realizava fora do Brasil, mas agora se transformou em uma decisão definitiva.

— Queria anunciar que estou fora do Brasil já faz alguns dias. Eu vim, a princípio, buscando tratamento médico que eu já fazia aqui e, agora, eu vou pedir para que eu possa me afastar do cargo, tem essa possibilidade na Constituição e passo a não receber mais salário. O gabinete passa a ser ocupado pelo meu suplente. Vou me basear na Europa, tenho cidadania europeia — declarou.

Zambelli também fez questão de negar que sua saída do país represente um abandono da política ou da militância conservadora.

— Muito pelo contrário, é resistir para poder continuar falando o que eu quero falar — frisou.

Repercussão

O caso de Carla Zambelli reacende o debate sobre o papel do Judiciário, a liberdade de expressão e os limites da imunidade parlamentar no Brasil. Enquanto aliados classificam as decisões do STF como perseguição política, setores do Judiciário e especialistas jurídicos destacam a gravidade das acusações e o caráter técnico das condenações.

A movimentação política da família Zambelli, com a possível candidatura de sua mãe e de seu filho, indica que o grupo pretende manter sua presença no cenário político brasileiro, apesar do afastamento da deputada.

A defesa de Carla Zambelli ainda não informou se recorrerá da condenação, mas a parlamentar, agora fora do país, mantém o discurso de resistência e promete continuar atuando politicamente, mesmo à distância.

Fonte: noticiastudoaqui.com