Presidente da Câmara acusa governo de tentar criar polarização e nega surpresa sobre queda do IOF

Redação, 30 de junho de 2025 - O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), criticou duramente o governo federal nesta segunda-feira (30), após o Planalto afirmar ter sido “pego de surpresa” pela decisão do Congresso de derrubar o decreto que aumentava o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

Em vídeo publicado nas redes sociais, Motta rebateu as críticas e acusou o Executivo de tentar fomentar uma “polarização social”, colocando o Parlamento como inimigo da população. Segundo ele, essa narrativa do “nós contra eles” prejudica a democracia e enfraquece o debate político institucional.

“Quem alimenta o ‘nós contra eles’ governa contra todos”, afirmou o deputado. “Não se governa um país tentando dividir a sociedade ou colocando o Congresso Nacional como obstáculo.”

Crise institucional

A declaração de Motta acontece em meio ao agravamento da tensão entre os Poderes. Na última semana, o Congresso derrubou o decreto do governo que previa um aumento do IOF para compensar perdas arrecadatórias com programas sociais. O Executivo alegou que a medida era necessária para garantir o equilíbrio fiscal, mas a decisão foi amplamente criticada por parlamentares de diversos partidos.

Ao comentar a derrubada, porta-vozes do governo classificaram a medida como “abrupta” e disseram que o Planalto “não esperava tamanha resistência” por parte do Legislativo. A resposta de Hugo Motta evidencia o descontentamento com essa avaliação.

“Não houve surpresa. Houve articulação, debate e maioria clara contra um aumento que penalizaria justamente quem mais precisa de crédito. O Parlamento não atua nas sombras”, disse o presidente da Câmara.

Recado ao Planalto

A fala de Motta também é interpretada como um recado direto ao presidente da República, com quem ele vinha mantendo um diálogo institucional relativamente estável até o episódio do IOF. Parlamentares da base e da oposição interpretaram o vídeo como um alerta de que o Congresso não aceitará ser tratado como mero coadjuvante nas decisões econômicas.

O deputado reiterou ainda que o Legislativo tem legitimidade para revisar atos do Executivo e que não aceitará ser deslegitimado em suas prerrogativas constitucionais.

Clima político em alerta

O episódio reacende discussões sobre a necessidade de melhorar a articulação entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional. Integrantes do governo admitem, nos bastidores, que a base no Legislativo está fragilizada e que faltou coordenação para antecipar a insatisfação dos parlamentares com o decreto do IOF.

Analistas políticos avaliam que o embate pode afetar votações futuras de interesse do governo, incluindo a reforma tributária e projetos da nova política industrial. A relação entre os Poderes, já marcada por desconfianças, pode entrar em nova fase de instabilidade caso o tom não seja revisto pelas duas partes.

Fonte: noticiastudoaqui.com