Amazônia tem recorde de queimadas em 24 horas e bate ‘dia do fogo’ de 2019, mostram dados do Inpe



No “dia do fogo” em 11 de agosto de 2019 foram registrados 2.366 focos.

 

 

A Amazônia brasileira viveu suas 24h com maior número de queimadas no ano, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Entre 21h de terça (27) e 20h59 desta quarta-feira (28), foram 2.433 focos de calor, mais de 100 por hora.

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As medições diárias do Inpe são feitas com base no horário GMT, ou seja, com três horas adiantadas em relação ao fuso de Brasília.

Para efeito de comparação, o número é maior que o medido no “dia do fogo”, em 11 de agosto de 2019, quando foram registrados 2.366 focos.

Nos últimos dias, a Amazônia brasileira vem assistindo a uma escalada no número de focos.

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Dias com mais focos no ano (todos em agosto):

  • 28 – 2.433
  • 26 – 1.988
  • 23 – 1.659
  • 21 – 1.635
  • 14 – 1.476

 A três dias do fim, o mês de agosto já acumula 31.130 focos de calor, maior número desde 2022, quando foram 33.116 casos.

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Entretanto, a seguir a média nos próximos dias, esse número deve ser alcançado. Desta forma, 2024 vai se tornar o ano com mais fogo na Amazônia desde 2010, quando foram 45.018 focos.

Número alarmante

Segundo Helga Correa, especialista em conservação do WWF-Brasil, o número de queimadas na Amazônia este ano é “muito alarmante”, mas ela pondera que, diferente de 2019, o bioma passa por uma seca histórica, com rios atingindo seus menores índices de vazão da história

“Quando olhamos anos precedentes, 2023 teve uma seca grande na Amazônia e, quando começa o ano de 2024, os rios não retomaram os níveis de normalidade. Agora a gente se aproxima dessa época seca, e temos esse aumento de queimadas. Isso é muito preocupante”, avalia Helga Correa.

Para ela, as queimadas têm um efeito preocupante “na retroalimentação das mudanças climáticas.” “Ao mesmo tempo, essa seca é um reflexo das mudanças climáticas também.”

A especialista afirma que a seca e as queimadas não atingem apenas a Amazônia e devem ser encaradas como um problema nacional.

“A gente tem observado o fogo para além, no Cerrado, no Pantanal. As queimadas de 2024 atingem números acima da média e impressionantes. Isso tem contribuído para a situação de péssima qualidade do ar inclusive nas áreas urbanas”, diz Helga Correa

Ane Alencar, diretora de Ciência do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e coordenadora do MapBiomas Fogo, assegura que, em 2019, o desmatamento era bem maior do que o deste ano — o que é danoso ao ecossistema.

“As pessoas estão usando o fogo como sempre usaram, mas as condições do clima tem feito esse fogo se alastrar. As pessoas precisam parar de usar o fogo nesse momento em que a paisagem está muito inflamável”, informou Ane Alencar.

(18horas)



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