Brasília (DF) — A Polícia Federal (PF) está aprofundando as investigações sobre um esquema bilionário envolvendo entidades conveniadas ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). De acordo com relatório recente, ao menos sete associações que firmaram acordos de cooperação técnica com o INSS estão sob suspeita de utilizarem “laranjas” como dirigentes, em um suposto esquema de desvio de recursos por meio de descontos indevidos nos contracheques de aposentados e pensionistas.
As apurações revelaram que essas entidades movimentaram, juntas, mais de R$ 1,7 bilhão nos últimos anos. Os verdadeiros operadores do esquema seriam empresários que se beneficiam dos repasses, enquanto os “dirigentes formais” das associações são pessoas sem qualquer condição financeira ou experiência para gerir organizações desse porte.
Entre os “dirigentes” identificados:
- Uma faxineira vinculada a uma empresa que recebeu milhões de reais de associações envolvidas no esquema.
- Aposentados com quase 90 anos e renda familiar de apenas R$ 1.300,00 figuram como presidentes ou tesoureiros de entidades que movimentaram milhões.
- Beneficiários do Bolsa Família, cuja renda mensal é incompatível com os altos volumes financeiros das associações que, supostamente, comandam.
- Parentes de empresários investigados também aparecem como dirigentes oficiais em registros da Receita Federal.
O esquema
Segundo a série de reportagens “Farra do INSS”, publicada pelo portal Metrópoles, os verdadeiros beneficiários seriam empresários que utilizam essas associações como fachada para cobrar mensalidades e serviços não autorizados diretamente das aposentadorias, muitas vezes sem o consentimento dos beneficiários. Os descontos, que aparecem nos contracheques dos aposentados como se fossem contribuições voluntárias, acabam sendo sistematicamente desviados.
Essas entidades assinam acordos de cooperação técnica com o INSS, o que lhes dá acesso ao sistema de consignações do órgão. Com isso, conseguem inserir descontos automáticos nos benefícios de milhares de segurados, frequentemente sem a devida autorização ou informação clara sobre a cobrança.
Impacto sobre aposentados
Milhares de beneficiários do INSS relataram descontos não autorizados em seus pagamentos mensais. Muitos só percebem as perdas após meses de redução no valor do benefício.
PF amplia operação
A Polícia Federal agora busca identificar os reais responsáveis financeiros por trás das associações e está mapeando os fluxos bancários entre as entidades e empresas ligadas aos empresários suspeitos. As investigações incluem análise de contratos, movimentações atípicas e possível envolvimento de servidores públicos no esquema.
Fontes ligadas à investigação apontam que novas fases da operação deverão ocorrer nas próximas semanas, com possíveis prisões, bloqueios de bens e novas quebras de sigilo bancário e fiscal.
Resposta oficial
Procurado, o INSS informou que está colaborando com as investigações e que já suspendeu temporariamente os acordos com algumas das entidades citadas, até que todos os fatos sejam esclarecidos. A instituição também reforçou que os segurados devem denunciar qualquer desconto não autorizado diretamente pelo telefone 135 ou pelo aplicativo Meu INSS.
Como se proteger:
- Verifique regularmente o extrato do benefício.
- Qualquer desconto desconhecido pode e deve ser contestado.
- Denúncias podem ser feitas à Ouvidoria do INSS ou à Polícia Federal.
- Para mais informações e atualizações sobre o caso, acompanhe os comunicados oficiais da Polícia Federal e do INSS.
Fonte: noticiastudoaqui.com
