
Brasília — A Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer) está no centro de um escândalo financeiro que envolve descontos milionários e suspeitas de fraude contra aposentados vinculados ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Segundo relatório da Controladoria-Geral da União (CGU), a entidade elevou sua arrecadação por meio de descontos em folhas de pagamento de R$ 350 mil para R$ 202 milhões no intervalo de quatro anos — um crescimento de 57.674% entre 2019 e 2023.
A investigação da CGU foi uma das bases que levaram à deflagração da Operação Sem Desconto, da Polícia Federal (PF), que investiga um esquema de intermediação ilegal entre entidades associativas e servidores do INSS.
De acordo com documentos obtidos pela PF, Cícero Marcelino, apontado como assessor do presidente da Conafer, seria um dos operadores da rede fraudulenta. Além disso, ele figura como sócio do banco digital Terra Bank, utilizado pela entidade para a movimentação de recursos oriundos das contribuições descontadas diretamente dos benefícios de aposentados e pensionistas.
A auditoria da CGU, concluída em setembro de 2024, já havia recomendado a suspensão imediata dos descontos associativos feitos pelas entidades. Contudo, o INSS não adotou as medidas indicadas até a operação da PF vir à tona, o que intensificou as críticas e aumentou a pressão sobre o órgão previdenciário.
“Considerando os valores arrecadados ao longo dessa série histórica, a entidade que teve maior crescimento nos descontos de mensalidades associativas implementadas na folha de pagamentos do INSS foi a Conafer”, afirma o relatório da CGU.
A Conafer está entre as 29 entidades investigadas pela PF por possível fraude em filiações de segurados, que teriam sido registradas sem consentimento ou mediante informações enganosas. O rombo nas finanças de aposentados e o possível envolvimento de servidores públicos ampliaram o escopo da investigação, que já resultou nas demissões do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e do ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi.
O caso reforça os alertas sobre a fragilidade dos sistemas de controle dos descontos em folha, especialmente em um universo com mais de 39 milhões de beneficiários. A CGU e a PF continuam apurando a rede de relações financeiras, políticas e administrativas que sustentou o esquema bilionário.
A Conafer, até o momento, não se manifestou publicamente sobre as acusações.
Fonte: noticiastudoaqui.com