Ex-funcionária revela como era treinada para lidar com vítimas de descontos indevidos; esquema operava como um SAC das fraudes
Um dos maiores esquemas de fraude já registrados no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) se utilizava de centrais de telemarketing para aplicar e acobertar o golpe bilionário que atingiu aposentados em todo o país.
A operação, revelada pelo portal Metrópoles, mostra que milhares de idosos tiveram descontos mensais em seus benefícios sem qualquer autorização formal — valores que eram repassados a entidades suspeitas, com a intermediação de call centers que funcionavam como verdadeiros “SACs das fraudes”.
Uma das ex-funcionárias do setor de atendimento, que trabalhou diretamente nesse tipo de ligação, relatou com exclusividade como os operadores eram instruídos a justificar os descontos com versões enganosas. O depoimento foi concedido sob condição de anonimato, por temor de represálias.
“A gente tinha que falar para eles que [a filiação] era feita por links de WhatsApp, ligações de telemarketing ou que eles mesmos devem ter aceitado na hora que foram contratar a aposentadoria”, contou a ex-atendente. “Mas eles não sabiam, e a gente também que trabalhava lá, nem sabia que isso era uma fraude.”
Golpe estruturado e de longa duração
Segundo as investigações, os descontos indevidos se arrastavam por meses — até anos — sem que os aposentados percebessem, muitas vezes descobertos apenas com a ajuda de filhos ou familiares atentos aos extratos. As supostas associações descontavam valores de R$ 10 a R$ 60 diretamente da folha de pagamento do INSS, alegando adesão a clubes de vantagens, assessoria jurídica ou representação sindical.
A atuação dessas entidades era facilitada por convênios autorizados dentro do próprio sistema da Previdência Social, o que dava um verniz de legalidade aos lançamentos. A apuração revelou que mais de R$ 6 bilhões podem ter sido desviados dos beneficiários por meio desse esquema.
Governo e INSS sob pressão
Após a repercussão do caso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está em viagem oficial à Rússia, classificou o episódio como um “assalto aos aposentados” e prometeu uma apuração rigorosa.
“Eles não foram no cofre do INSS, foram no bolso do povo”, declarou Lula à imprensa, indignado com a extensão da fraude.
O Ministério da Previdência já anunciou a suspensão de repasses a dezenas de entidades suspeitas e determinou uma revisão nos convênios com associações que operam com consignados e taxas mensais.
Impacto e revolta
Organizações de defesa do consumidor e sindicatos de aposentados pedem punição exemplar aos envolvidos, além da devolução dos valores cobrados indevidamente. A Defensoria Pública da União (DPU) também estuda ações coletivas para garantir reparações aos beneficiários lesados.
Enquanto isso, os depoimentos de operadores de telemarketing que trabalhavam sem saber da fraude revelam a dimensão do esquema e a vulnerabilidade dos mais idosos, que, mesmo após a aposentadoria, seguem expostos a práticas abusivas.
Fonte: noticiastudoaqui.com
