
Brasil – Locais conhecidos por sua beleza natural e pelo grande fluxo de visitantes internacionais e nacionais estão sendo dominados por facções criminosas, que passaram a impor suas próprias regras, controlar atividades comerciais e exercer influência sobre a segurança pública.
Segundo ampla reportagem do G1, destinos turísticos como Jericoacoara (CE), Porto de Galinhas (PE) e Praia da Pipa (RN) estão sob a atuação de organizações criminosas que comandam o tráfico de drogas, cobram “taxas de proteção” de comerciantes e até decidem quem pode permanecer nas áreas mais nobres. Quem desobedece ou se opõe aos grupos corre risco de morte.
O episódio mais recente que chamou atenção foi o assassinato brutal de um adolescente de 16 anos, confundido com integrante de facção rival. Em outro caso, três pessoas foram mortas em uma região turística, evidenciando que o controle territorial dos criminosos se estende além das grandes cidades e chega aos cartões-postais brasileiros.
A dinâmica imposta pelos grupos segue um padrão já observado na Amazônia, onde áreas inteiras são controladas pelo tráfico, muitas vezes em paralelo à atuação de organizações não governamentais. As facções impõem medo à população local, praticam execuções e decapitações como forma de intimidação, mas, paradoxalmente, protegem turistas contra pequenos crimes, mantendo a aparência de tranquilidade para não afastar visitantes.
Moradores vivem sob ameaça constante. Uma residente de Jericoacoara, ouvida pela reportagem, descreveu a sensação de abandono: “O Estado vende isso aqui como o Paraíso, mas não garante o mínimo para a população”. O silêncio predomina entre comerciantes e moradores, que evitam denunciar os criminosos por medo de represálias.
Além das três praias citadas, há relatos de atuação de facções também em São Miguel dos Milagres (AL) e nas regiões de Trancoso e Caraíva (BA), reforçando que o fenômeno vem se espalhando pelo Nordeste.
Especialistas alertam que o avanço do crime organizado em áreas turísticas coloca em risco a imagem do Brasil no cenário internacional e evidencia a fragilidade do poder público em regiões estratégicas para a economia do turismo. A ausência de ações consistentes pode consolidar o domínio paralelo de facções, com graves consequências para a segurança de moradores e visitantes.