
Um novo levantamento da Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace) projeta que os custos com eletricidade poderão sofrer aumento real de até 12% em 2026, especialmente para os consumidores do mercado livre — aquelas empresas que negociam contratos diretamente com geradores ou comercializadoras.
Principais fatores do aumento
Segundo a Anac, o impacto deve decorrer de uma combinação de fatores ligados às recentes mudanças regulatórias e à necessidade de redistribuição de encargos setoriais:
- A MP 1.300, convertida na Lei 15.235/2025, que instituiu gratuidade da conta de luz para residências de baixa renda, teria gerado novos custos que poderão ser repassados aos consumidores de maior porte.
- Estima-se que a gratuidade para famílias inscritas no CadÚnico com consumo de até 80 kWh/mês possa representar acréscimo de R$ 15 a R$ 20 por MWh para os consumidores livres e cativos maiores.
- Outros encargos sobre usinas nucleares (Angra 1 e 2) e isenções da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético) para as famílias de baixa renda também podem impactar o preço da energia em parâmetros de R$ 7 a R$ 12 por MWh.
- Adicionalmente, medidas como a antecipação de usinas de reserva, expansão da geração distribuída e prorrogação de contratos no Proinfa são vistas como pressões extra no custo final da energia.
Segundo a avaliação da Anace, o impacto médio deverá situar-se entre 5% e 12% para muitos consumidores.
Efeitos esperados e riscos
O aumento dos custos de energia incide diretamente nos custos operacionais de indústrias, comércios e serviços, o que pode reduzir margens de lucro e afetar a competitividade nacional. A Anace alerta que há risco de reflexos inflacionários mais amplos, uma vez que energia é insumo fundamental para várias cadeias produtivas.
Para residências
Para consumidores residenciais de alta demanda ou tarifas diferenciadas (fora da tarifa social), o custo pode subir proporcionalmente, embora o impacto será menor comparado ao dos grandes consumidores. Para as residências beneficiadas pela tarifa social ou gratuidade, a elevação de custos será “diluída” por mecanismos de compensação e subsídios setoriais.
Pressão regulatória e equilíbrio setorial
A Anace defende uma revisão dos subsídios e incentivos concedidos às fontes renováveis e à microgeração, argumentando que muitos desses benefícios perderam justificativa diante da evolução tecnológica e da competitividade dessas fontes.
Também há preocupação com o equilíbrio do setor elétrico: quanto mais subsídios e gratuidade forem impostas sem fontes claras de financiamento, maior será a pressão sobre tarifas e contratos setoriais.
Cenário regulamentar e desdobramentos
- A sanção da MP 1.300/2025, que institui o programa “Luz do Povo”, foi uma das mudanças centrais que instigaram essas projeções.
- A adoção de medidas compensatórias, ajustes regulatórios pela Aneel e novas regras para geração distribuída deverão ser monitoradas nos próximos meses.
- Se confirmada na prática, a elevação de até 12% pode exigir esforços adicionais de eficiência energética, renegociação de contratos e ampliação de fontes próprias alternativas, como solar ou cogeração.
Fonte: noticiastudoaqui.com