Eleição entre generais tem acusação de golpe: “Bem-vindos à Venezuela”




A disputa eleitoral pelo comando do Círculo Militar de São Paulo, clube recreativo onde os militares paulistanos trocam fardas e botinas por sunga e chinelo à beira da piscina, virou uma guerra entre dois generais que concorrem pela presidência. Entre acusações de golpe e uso da máquina, jogo “fora das quatro linhas” e avaliações de que o Círculo Militar virou a Venezuela, a oposição só foi autorizada a participar por decisão judicial. A confusão é tamanha que a eleição, inicialmente marcada para domingo (16/11), acabou cancelada na noite desta quinta (15/11).

Presidente do Círculo por dois mandatos entre 2020 e 2024, o general de divisão Eduardo Diniz, ex-comandante da 2ª Divisão do Exército, teve sua chapa cassada pela atual administração, do antigo aliado, o general de brigada Manoel Morata Almeida, que já foi chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Sudeste. Os dois generais ocuparam, portanto, os cargos mais graduados do Exército em São Paulo.

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A chapa de Diniz, que incluía candidatos ao Conselho, foi inteira impugnada sob a alegação de que o general ficou inadimplente com o clube entre 2018 e 2022, apesar de ter sido presidente entre 2020 e 2024, eleito com o apoio do agora rival. Diniz alega que nunca foi informado da dívida — supostamente causada por ter deixado de informar quando passou para a reserva do Exército, o que alterou seu status de associado e o valor da mensalidade –, nem quando soube que isso poderia ser usado contra ele e tentou pagá-la.

“O que aconteceu de problema se estendeu por três anos e meio. Foi a diferença de cadastro, o pagamento que deveria ser cobrado mas não foi. Paguei o que devia quando soube de tudo”, disse Diniz em um vídeo. “A informação foi guardada para ser usada na eleição e ser motivo da impugnação da minha chapa.”

O clube, vizinho do Quartel-General do Ibirapuera, onde ficam as sedes da 2ª Divisão do Exército e do Comando Militar do Sudeste, é tão ligado ao quartel que o comandante militar do Sudeste é, automaticamente, também presidente de honra do Círculo. E foi como a autoridade máxima sobre os militares do Sudeste que o general foi eleito pela primeira vez para a presidência, em 2010.

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Em 2020, depois de dois ciclos de quatro anos na presidência e ter sido assessor do general Diniz na 2ª Divisão do Exército, apoiou o ex-chefe para presidente. Foram eleições sem disputa, com chapa única e votação por aclamação de alguns poucos sócios, inclusive a que elegeu Morata de novo, em 2024, após dois mandatos de Diniz.

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