Lula frustou expectativa de economistas, diz ex-ministro



Segundo Maílson da Nóbrega, mercado financeiro esperava que presidente repetisse 1º mandato, mas ele “se aproxima do período Dilma”

 

O ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “frustrou as expectativas do mercado financeiro” nesse começo de mandato. Segundo ele, economistas esperavam que petista repetisse ações de seu 1º governo.​​​​​​

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Pelas declarações mais recentes, inclusive na parte econômica do discurso de posse, Lula se aproxima do período da Dilma [Rousseff], com visões intervencionistas muito fortes e com uma percepção equivocada do papel das estatais”, disse em entrevista ao jornal Correio Braziliense, publicada nesta 2ª feira (16.jan.2023).

“[É] como se o Brasil voltasse aos anos 1970, 1980, ou mesmo ao período da era da derrama de dinheiro do Tesouro do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] no governo Dilma”, disse Nóbrega. “É o período da nova matriz econômica, das pedaladas, da expansão fiscal e de uma volta das visões protecionistas na economia”, continuou.

Lula ainda sinalizou com a ideia de reindustrialização, e citou no discurso [de posse], com apoio do BNDES a custos adequados. Em outras palavras, isso é a volta de subsídios financeiros que não levam em conta uma realidade posterior ao 1º mandato de Lula.

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Para o ex-ministro, Lula “parece não ter se dado conta do desafio que tem pela frente”, pois recebe um Brasil com uma situação fiscal que classificou como delicada.

O discurso dele parece sinalizar que basta ter chegado ao governo para superar uma transformação tal que a felicidade chega, vai ter dinheiro para todo mundo, para reequipar as Forças Armadas, vai ter picanha para os pobres”, disse Nóbrega.

O ex-ministro falou que a “revogação completa do teto de gastos” deve fazer com que o país entre “numa trajetória muito explosiva da dívida pública”.

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Se o Lula tiver uma dimensão adequada da grave situação fiscal do Brasil, verá que, se não resolvida, condenará o país à mediocridade econômica, à inflação, e aos juros altos e, portanto, prejudicando, basicamente, os mais pobres”, declarou.

Nóbrega disse que o pacote de medidas fiscais anunciadas pelo atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, “tem o mérito de procurar reduzir o deficit previsto no Orçamento”. Mas ele falou não saber “se havia demanda dos mercados pela apresentação desse programa, já que o ministro podia ter ficado mais tempo a pensar na proposta”.

Segundo ele, o mercado quer atualmente saber do novo arcabouço fiscal.

O Ministério da Fazenda anunciou na 5ª feira (12.jan) medidas que aumentam a arrecadação e reduzem a despesa do governo federal. As ações teriam impacto de R$ 242,7 bilhões no Orçamento, sendo que R$ 156,3 bilhões seriam com o aumento de arrecadação. Ou seja, via impostos.

Nóbrega disse que a ideia de ter opiniões divergentes pregada por Lula “é uma visão completamente errada” quando se fala de governo. “As opiniões divergentes são importantes no debate público e no seminário acadêmico. No governo, o que deve prevalecer é a unidade”, afirmou.

Apesar disso, o ex-ministro falou em dar “o benefício da dúvida” à nova gestão. “O governo tem apenas duas semanas. Pode ser que, diante das informações que vão revelar uma realidade, Lula reformule os seus conceitos e tome ciência da grande realidade que herdou um país com crescimento medíocre”, afirmou.

“O discurso do ministro do MDIC [Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços], o vice Geraldo Alckmin, foi um discurso correto. É preciso um esforço para reindustrializar o Brasil, porque tudo indica que o país tem uma desindustrialização precoce. Mas tem que atacar o que causou isso”, falou.

(Poder360)



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