
Renan Calheiros é um desses “figurões da República”, não só pela função que já ocupou na mais alta casa legislativa do Brasil (presidente do Senado), mas também pelo que ele e o seu partido, MDB, representaram para o retorno do presidente Lula ao comando da Nação. E ainda representam na governança federal.
Em recente pronunciamento da tribuna do Senado, Renan Calheiros criticou a chamada “PEC das Prerrogativas”, por meio da qual o Supremo Tribunal Federal (STF) só pode processar criminalmente senadores e deputados com anuência do Congresso, dizendo que a medida transformará as duas casas legislativas em “refúgio de criminosos”.
Olha só quem está falando. Renan é alvo de 11 inquéritos no STF, oito dos quais relacionados à operação Lava-Jato, que investigou a existência de uma quadrilha para fraudar a Petrobras. Renan também apareceu na Operação Zelotes, acusado de ter usado dinheiro da empreiteira Mendes Junior para pagar pensão alimentícia de uma filha fora do casamento. Parece que conseguiu se livrar de dois ou três.
Apesar das evidências, a denúncia foi sepultada na Comissão de Ética do Senado. Renan foi incluindo em um inquérito para apurar o suposto pagamento de propina na construção da usina Belo Monte. O Brasil está cheio de políticos como Renan Calheiros. Pessoas que se elegem e reelegem, em boa medida, tapeando a realidade dos fatos e daquilo que poderiam fazer de socialmente produtivo, mas não o fazem por conta de acordos pré-eleitorais determinantes para que grupos de interesses político-empresariais se estabeleçam. E, uma vez no poder, metem os pés pelas mãos como a sociedade vem acompanhando no decorrer de seguidos anos.