
Intervenções do Dnit prometem liberar parcialmente o tráfego em 60 dias, mas população segue enfrentando longas filas e incertezas
Porto Velho - As obras emergenciais nas pontes sobre os rios Candeias e Novo (Jacutinga), na BR-364, em Candeias do Jamari (RO), começaram, mas quem depende do trecho ainda convive com filas, atrasos e insegurança. São três estruturas que passam por reparos, após a constatação de sérios problemas estruturais que colocaram em risco a segurança de milhares de motoristas.
“Eu chego a perder quase uma hora todo dia só esperando liberar o trânsito”, conta Maria das Dores, caminhoneira que há mais de 20 anos faz o trajeto entre Porto Velho e Vilhena. “O pior é a incerteza... ninguém sabe direito quando vai voltar ao normal.”
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) promete liberar o tráfego parcial na ponte mais nova em até 60 dias. A conclusão total das intervenções, contudo, só deve acontecer dentro de um ano. A recuperação utilizará a tecnologia extradossada, sistema que reforça as estruturas com cabos de aço externos, garantindo maior resistência.
Uma operação de guerra
Atualmente, mais de 20 operários trabalham dia e noite na ponte mais nova, no sentido Porto Velho–Vilhena. As equipes montam ferragens, erguem estruturas de carpintaria, fazem terraplenagem e abrem caminhos para máquinas pesadas. O cenário é de uma verdadeira operação de guerra para devolver segurança ao trecho.
“Nós entendemos o transtorno para a população, mas é preciso fazer um trabalho cuidadoso. A segurança está em primeiro lugar”, afirma João Carlos, engenheiro do Dnit responsável pela obra.
Ponte antiga interditada; nova, com trincas
Os problemas começaram a se agravar em janeiro deste ano. No dia 17, a ponte mais antiga, com cerca de 60 anos, foi interditada após apresentar fissuras preocupantes. O tráfego foi desviado para a ponte mais nova, construída em 2009. Porém, poucos meses depois, uma trinca foi detectada no centro da pista dessa estrutura, obrigando a adoção do sistema de “pare e siga”.
Desde então, motoristas enfrentam uma espera média de 30 minutos para atravessar o trecho, um gargalo que afeta desde o transporte de cargas até o deslocamento de quem depende da rodovia para trabalhar ou acessar serviços básicos.
“Essa BR é a nossa vida, é o que liga tudo aqui”, lamenta José Cláudio, morador de Candeias do Jamari que depende da estrada para chegar a Porto Velho, onde faz tratamento médico semanalmente. “Agora, cada viagem virou um sofrimento.”
CREA aponta falhas, Dnit reage
Após inspeção realizada pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Rondônia (CREA-RO), foram identificadas falhas também na ponte mais nova. O órgão encaminhou ofício ao Dnit solicitando informações sobre a manutenção realizada nos últimos anos e os laudos técnicos que embasaram a liberação do tráfego anteriormente.
Em resposta, o Dnit reforçou a necessidade da interdição parcial e anunciou o cronograma de intervenções emergenciais. O departamento também não descarta novas interdições temporárias, inclusive à noite, e poderá restringir a passagem de veículos pesados conforme avance para etapas mais sensíveis da obra.
População apreensiva
Para quem depende da BR-364, a sensação é de apreensão. “A gente sabe que é preciso arrumar, mas não tem previsão realista. Só falam que pode demorar até um ano. E até lá, como a gente fica?”, questiona indignada a comerciante Ana Paula, que diariamente recebe mercadorias transportadas pela rodovia.
O tráfego em mão dupla improvisada na ponte mais nova, com sinalização precária e longos congestionamentos, preocupa especialmente em dias de chuva, comuns nesta época do ano.
Perspectivas
O Dnit afirma que está empenhado em devolver segurança e fluidez ao trecho. A escolha pela tecnologia extradossada é apontada como solução mais eficiente e rápida para reforçar as estruturas comprometidas.
Enquanto isso, motoristas seguem aguardando com paciência, e resignação, pela conclusão da obra. A BR-364 permanece como artéria vital não só para Rondônia, mas para todo o escoamento da produção agrícola e o transporte de mercadorias na região Norte.
“Só queremos poder passar sem medo e sem perder tanto tempo”, resume Maria das Dores, enquanto ajeita o caminhão na fila que se estende por centenas de metros à beira do rio Candeias.
Fonte: noticiastudoaqui.com