Rondônia subnotifica casos de intoxicações por agrotóxicos | Notícias Tudo Aqui!

Rondônia subnotifica casos de intoxicações por agrotóxicos

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Subnotificações de casos de intoxicações por agrotóxicos desafiam a saúde pública em diversos municípios de Rondônia. Somente este ano ocorreram 91 casos, dos quais, dois resultaram em óbitos no município de Cacoal.

A informação é da Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa).Em Rondônia, o agrotóxico é o primeiro na lista de intoxicações exógenas nas zonas urbana e rural.

Municípios com ocorrência de intoxicação por agrotóxicos em 2018:Alta Floresta d’Oeste, Alto Alegre dos Parecis, Alto Paraíso, Alvorada d’Oeste, Ariquemes, Buritis, Cacoal, Castanheiras, Cerejeiras, Colorado do Oeste, Guajará-Mirim, Jaru, Ji-Paraná, Monte Negro, Nova Brasilândia d’Oeste, Nova Mamoré, Porto Velho, Rolim de Moura, Santa Luzia d’Oeste, São Francisco do Guaporé, Urupá, Vale do Paraíso e Vilhena.

 

Estima-se que para cada caso de intoxicação no Brasil, há 50 casos não notificados. Os casos crônicos, aqueles a que o indivíduo – geralmente trabalhador na agricultura – é exposto repetidas vezes ao toxicante, dificilmente aparecem nas estatísticas.

De 2007 a 2014, morreram no País 1.186 pessoas em consequência de envenenamento, na média de 148 por ano, ou uma morte a cada dois dias e meio, revela o Ministério da Saúde.

Desde 2008, o Brasil é o principal consumidor de agrotóxicos do planeta, representando 20% do total mundial.

Aproximadamente 52% dos herbicidas comprados são utilizados na soja, grande destaque da produção brasileira.

“Não é tão simples assim diminuir os impactos na saúde; a higienização de frutas e verduras, por exemplo, reduz, mas não elimina a contaminação”, alerta a coordenadora de vigilância em saúde de populações expostas a agrotóxicos na Agevisa, Rosiane Maciel Batista.

QUADROS DEPRESSIVOS

A Política Nacional para a Prevenção e Controle do Câncer e a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica funcionam, mas há carência de estudos esclarecedores sobre um componente delicado e ao mesmo tempo assustador, lembrou Rosiane Batista: “Precisamos esclarecer casos de tentativas de suicídio que tem apresentado maior frequência”.

Segundo ela, há estudos demonstrando que o uso contínuo de agrotóxicos pode levar a quadros depressivos, além do desenvolvimento de doenças como o câncer.

O Brasil é o maior consumidor mundial do agrotóxico glifosato, substância considerada potencialmente cancerígena pela Organização Mundial de Saúde.

“Um mal-estar, enjoo ou dor de cabeça são sintomas inespecíficos que levam a pessoa a procurar à unidade de saúde, contudo, os profissionais de saúde felizmente já têm um olhar diferenciado para a questão, da exposição a fatores ambientais”, disse.

ALTO ALEGRETEM PLANO DE VIGILÂNCIA

Um dos municípios prioritários no estado para a problemática na saúde dos agrotóxicos, Alto Alegre dos Parecis (13,8 mil habitantes), a 536 quilômetros de Porto Velho, na Zona da Mata, foi o único município a elaborar o Plano Municipal de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos.

Segundo Rosiane Batista, é preciso ir além, e Rondônia fará sua parte de 1º a 3 de agosto deste ano, com o Seminário Estadual sobre Impactos dos Agrotóxicos na Saúde Humana que tem por objetivo fomentar as discussões na área. Lembrou que o estado tem seu plano aprovado desde 2013.

Apoiados pela Agevisa, Cerest e municípios promovem palestras para agricultores. “O Cerest de Cacoal acompanha trabalhadores expostos e verifica também a resistência das pessoas ao uso dos equipamentos de proteção individual (EPI)”.

 

Segundo relatório de 2015 do Cerest/Sinan, 109 trabalhadores intoxicados em Rondônia estão na faixa de 20 a 39 anos e 21 têm acima de 60. Do total, 50 não eram empregados registrados, 33 registrados, 12 aposentados, dez desempregados, oito avulsos, seis temporários, dois servidores públicos e até um empregador.

Estudo feito pela professora de Geografia da USP,Larissa Mies Bombardi, denota que a legislação brasileira permite contaminação na água potável com limite cinco mil vezes superior ao máximo do que é aceitável na Europa.

Enquanto países membros da União Europeia toleram até 0,1 micrograma de glifosato por litro de água, o Brasil permite até 500 microgramas por litro. Além disso, o país apresenta casos numerosos de intoxicação por agrotóxicos.

O governo brasileiro concede redução de 60% do ICMS (imposto relativo à circulação de mercadorias), isenção total do PIS/COFINS (contribuições para a Seguridade Social) e do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) à produção e comércio dos pesticidas, informa o presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), João Eloi Olenike.


MONTEZUMA CRUZ
Fotos Secom-RO e Guia de Orgânicos



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