POLÍTICA – Mancebo quer lutar contra privilégios que o povo paga
Pedro Mancebo, delegado aposentado e rondoniense adotivo, não concorda com os privilégios que a sociedade paga para os brasileiros ‘diferentes’. Aqueles que não são alcançados pela regra constitucional de que ‘todos são iguais perante a lei”. Paulista de origem, construiu uma carreira profissional nas fileiras da Polícia Civil de Rondônia onde exerceu todos os cargos. De delegado a Diretor geral da instituição. Agora ele quer contribuir com o estado e a sociedade nas hostes da política através do Podemos. Vamos conhece-lo.
Quem é Pedro Mancebo?
R – Sou Pedro Roberto Gemignani Mancebo, descendente de italiano e espanhol, nascido em Itapeva, São Paulo. Vim em 1989. Lá, trabalhava com meu pai numa empresa de turismo e de ônibus que fazia linhas na cidade. Depois fui para o Banco Nacional e em seguida, para a prefeitura municipal. E, em 1989, fiz concurso do estado de Rondônia e fui aprovado como delegado de polícia. Desde então, venho exercendo a atividade pública e, há um mês, me aposentei.
Nesse período o senhor exerceu vários cargos no estado.
R – É verdade. A minha carreira foi assim: em 1989 fiz academia de polícia aqui em Porto Velho e fui tomar posse da 2ª Delegacia de Ji-Paraná como adjunto e, seis meses depois, assumir a titularidade, onde fiquei por cinco anos. Em seguida, fui assessor do diretor geral do Detran por seis meses. Daí fui nomeado delegado regional de Ji-Paraná, onde permaneci por mais cinco anos lidando com os casos mais complicados e de maior repercussão na Região.
“MEIO MILHÃO DE PESSOAS CARREGAM MEU NOME EM SUASCARTEIRAS DE IDENTIDADE”
O passo seguinte foi minha nomeação para o Decame, delegacia especializada que cuida de arma e explosivos e onde se requeria porte de armas antes de ser ato exclusivo da Polícia Federal. De lá, fui nomeado para dirigir o Instituto de Identificação onde bati todos os recordes de tempo como diretor.
Lá, assinei mais de 550 mil carteiras de identidade durante nove anos e meio. Meio milhão de rondonienses carregam meu nome em sua identidade.Aí, nós implantamos o sistema informatizado que permite, hoje, o sucesso que o órgão vem tendo com a expedição de identidades com rapidez além de agilidade na pesquisa criminal. Isso resulta do banco de dados que criamos e inserimos no NI-Instituto Nacional de Identificação, da Polícia Federal, em Brasília.
Depois desta gestão, em 2010, assumir como diretor da polícia metropolitana da Capital sob a qual se subordina todas as delegacias do Município de Porto Velho pegando de Candeias até Extrema, lá na fronteira com o Acre.
“INAUGUREI A PRIMEIRA UNISP DE RONDÔNIA NO MUNICÍPIO DE ESPIGÃO D’OESTE”
O senhor também foi diretor geral de polícia civil...
R - ... Sim, sim. No governo de Confúcio Moura fui convidado para ser o diretor executivo da Polícia Civil, ou seja, delegado geral adjunto da Polícia Civil.E, um ano depois, assumir a Diretoria Geral da Polícia Civil por três anos e nove meses. Foi um tempo de muitas conquistas: viaturas, barcos, munições, armas; criamos projetos de bem-estar para servidores e iniciamos as Unisp’s. Cheguei a inaugurar a 1ª Unisp lá no Espigão D’Oeste. A partir daí, fui para a Corregedoria de Polícia.
O senhor viveu também o processo de integração entre as forças de segurança que, no começo de sua carreira, eram bem separadas.
R – A partir da criação da Sesdec é que se começou a fazer a integração das três polícias: Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros. Na cabeça dos gestores existia as divisões. Mas eu, como delegado regional, sempre fui muito de a gente estar unido. Posso dizer aqui que, eu como delegado e o coronel Pretz, comandante do 2º Batalhão da Policía Militar em Ji-Paraná, éramos unidos, trabalhávamos em conjunto e nunca tivemos problemas.
Vocês fizeram a integração naturalmente.
R – É. Foi uma integração natural, a partir do comando. A gente percebe que, às vezes, a integração ficamais difícil entre o quadro dos policiais e dos praças que não conseguem enxergar as vantagens da integração.
“VOCÊ ESTÁ SEMPRE NEGOCIANDO. NEGOCIANDO UMA CRISE, UM INTERESSE DA CLASSE E ASSIM VAI”.
E agora, aposentado, o senhor resolveu entrar para a política?
Enquanto fui delegado, fiz questão de não misturar delegacia com política. Embora que, como diretor de polícia, se acaba tendo que observar, politicamente, algumas ações. Se integrando com os políticos para poder atender às necessidades da polícia. Negociando. Você está sempre negociando. Negociando uma crise, um interesse da classe e assim vai. São trinta anos de polícia. Sempre brigando pela causa da segurança pública e pela causa dos policiais. Querendo ou não você se envolve. E aí você procura o político, o magistrado ou o Ministério Público. Tudo na ânsia de ajudar ou de fazer valer a condição do policial e da estrutura da segurança pública.
A política comanda a vida de todo mundo.
Verdade. Às vezes você, para salvaguardar uma situação, tem que recorrer a outros órgãos. Às vezes, um órgão mais forte, aquele que tem a força da lei, para fazer a coisa andar.
O perigo é quando você, como agente de combate ao crime, ter que claudicarem função da política. Isso já lhe aconteceu?
R – Não. Graças a Deus não. Durante a minha gestão como diretor geral fizemos diversas operações e a grande maioria alcançou políticos. Principalmente no combate à corrupção. E nunca tivemos qualquer retaliação. Isso porque fizemos as coisas de acordo com o que era levantado nas provas.
Os delegados aturam, todos, de forma muito profissional. ,Foram mais de cinquenta operações na minha gestão, de combate à corrupção. Fora as operações de tráfico, entorpecentes, roubos, de cumprimento de mandatos de prisão, para dar vazão ao acúmulo.
Foram várias operações. Nessa hora é importante a integração. Aí se une polícia, Ministério Público, judiciário, Polícia Militar, Polícia Rodoviária, Polícia Federal, todo mundo em prol da sociedade. A intenção e o objetivo é trazer a paz pública.
A PAZ PÚBLICA “É UMA COISA DIFÍCIL DE CONSEGUIR.
POR MAIS QUE SE TENTE”
E nós temos conseguido a paz pública em Rondônia?
R –É uma coisa difícil de conseguir. Por mais que se tente, a gente tem dificuldade. E uma das principais dificuldades é a de pessoal. O investimentonecessário é muito alto. Principalmente na área de tecnologia e equipamento. Hoje, o quadro de pessoal é diminuto.Agora, que o estado passou dos trinta anos, as pessoas que começaram lá atrás estão se aposentando. O número é muito grande. Os concursos que estão sendo realizados não são suficientes.
Mas temos que aplaudir esse último concurso onde se conseguiu fazer três turmas de policiais. Isso dará uma equilibrada e tanto o comandante da PM quanto o diretor da Polícia Civil poderão dar uma respirada.
Há quem diga que essa redução de contingente poderá ser compensada com o uso de tecnologias. O que o senhor acha disso?
R – Eu acredito que a tecnologia pode reduzir a mão de obra em muitos setores da sociedade. Mas na segurança pública não tem como. Na área da saúde e da educação, acredito que a tecnologia ajuda. E ajuda muito em outras áreas como bancos. Neste você faz todo no caixa eletrônico, não precisa de funcionários. Mas na polícia, a tecnologia vem para auxiliar. O policial pode fazer uma consulta pelo celular, sem precisar ter que ir numa delegacia. As tecnologias servem para equipar a segurança para acelerar os processos, ações e atividades. Mas não tem como uma máquina substituir a presença do policial. Por isso, tem que ter investimentos em pessoas.
“SEGURANÇA E EDUCAÇÃO SÃO DUAS ÁREAS QUE GOSTO DE ATUAR.
REUNO EXPERIÊNCIA PARA CONTRIBUIR”
Foram estas demandas que o inspiraram a entrar para a política?
Temos três áreas que precisam de pessoas gritando. Eu vivencio a segurança pública e a educação. A segurança, há 29 anos e 24 anos como professor. Comecei em Ji-Paraná.Só na Faro, estou há 18 anos. Lá, eu ensino direito penal. Portanto, vivo a educação. São, assim, duas áreas que eu gosto de atuar. E reuno experiência e condições suficiente para continuar lutando por elas. É por isso que me lancei como pré-candidato ao Senado.
E como o senhor ver o quadro político do Brasil nesse momento, qual a sua percepção?
R – Eu acho que na mídia já está formada com essa convicção popular de mudança. A nação está pensando nisso. A Operação Lava a Jato está mostrando o que acontece na área política. Dos 513 deputados e 81 senadores, temos mais 120 indiciados na Lava a Jato. E o que isso está mostrando? Que a corrupção está tomando conta do país.
Já tomou...
R - ... É. Já tomou. Então, na minha opinião, é urgente essa mudança.
E o cenário rondoniense, como o senhor ver?
R – Rondônia é um estado diferenciado dos demais. Só quatro estados conseguiram ficar no azul. Entre eles, Rondônia. Então acredito que os investimentos (públicos) feitos em Rondônia foram de forma correta. E continuam sendo realizados de forma correta. Isso ajuda a preservar os políticos também.
A população está vendo que estão sendo realizados investimentos, está sendo feito distribuição de renda e que a coisa está andando. É nesse ponto que Rondônia se diferencia. Além disso, a mídia mostra que estão acontecendo poucos casos de corrupção em Rondônia.
E isso por que? Porque já tivemos os combates. Já foram feitas operações que atingiram políticos. E na medida que isso acontece, vai diminuindo a açãocriminosa. Assim,quando vem uma lei para aumentar as penas, as ações judiciais também conseguem alcançar esse intuito, que é diminuir a prática do crime. Dessa forma, aqueles que estão praticando a corrupção, o delito, botam o pé no freio. Epa! Vamos parar aqui. Isso!Esse celular está me condenando! Estão me achando... Aí, ele começa, automaticamente, a se policiar. E não se fala mais nada em celular, em telefone.
O eleitor e a sociedade estão mais vigilantes.
R – Está vigilante. A partir de ações como a Lava a Jato, os políticos estão se policiando mais. Porém, aquele que já fez, não tem como esconder. A prova fica guardada, ela fica aqui dentro – aponta para o celular. Fica dentro do computador. Se fez? Vai prestar conta dos seus atos.
Nós temos ex-presidentes da Assembleia Legislativa presos, foragido, deputados estaduais presos e outros prestes a serem recolhidos à cadeia. Além disso, ainda temos senadores envolvidos com o Poder Judiciário. Mesmo assim o senhor acha que o eleitor de Rondônia terá um olhar diferenciado do eleitor do resto do país?
“A POPULAÇÃO ESTÁ VENDO A CORRUPÇÃO COMO PRINCIPAL FATOR PARA MUDANÇA”.
R – Acredito que o eleitor está julgando pelo que está acontecendo no Brasil e não em Rondônia. E não em função do que está acontecendo nos quatro estados que eu citei. A população está vendo a corrupção como principal fator para mudança. Por que? Porque a corrupção atinge diretamente o povo. Ela tira a merenda escolar, tira o remédio, aumenta o preço da gasolina e até do alimento. Acaba resultando em prejuízo direto ao cidadão. E quem ganha é o que está praticando a corrupção.
Há quem afirme que a corrupção é mais hedionda que aquele que saca de uma arma e mata o outro. O que o senhor pensa sobre isso?
R – O problema é que não tem uma pena para a punição devida. As penas para os crimes contra a economia popular são penas pequenas. Hoje até existe penas de perda de bens e valores. Mas não alcança quem tem pena acima de 5 anos. São penas restritivas de direitos para quem tem recebe pena de até 4 anos. Por isso, tem que ter outros mecanismos.
Na minha concepção, tem que ter mudança nas leis de forma geral. Tem que tirar regalias. Foro privilegiado, férias duas vezes por ano. Por que isso? Por que trabalhar somente 10 meses? O estado não para, não é? Verbas de gabinete, auxílio moradia, cargos em excesso, assessorias... eu acho que o Brasil tem que ser repensado. Tem que pensar em melhorias para o povo e isso significa redução de muitas coisas.
Mais esses privilégios que o senhor citou estão disseminados em outros poderes. Estão no legislativo, mais também no executivo e no judiciário. Hoje até vereadores, delegados, procuradores de município estão dentro desta cesta de privilégios. Qual sua posição sobre isso?
“REGALIA QUE DIFERENCIA PESSOAS,
NÃO PODE EXISTIR”.
O delegado, num certo período, chegou a ter duas férias no ano. Mas acabou. Agora, dentro do Ministério Público, do Judiciário, do Senado, da Câmara dos deputados, Câmara de Vereadores, tribunais de conta, todos continuam. Eu acho que é um pagamento indevido. Eles acabam sendo pessoas diferenciadas.
O cidadão trabalha como qualquer juiz, promotor, senador, deputado e tem direito a somente uma féria. Esse tipo de regalia que diferencia pessoas, não pode existir. O auxílio moradia não se justifica. Principalmente para quem tem moradia. Aí o sujeito ainda recebe um valor cinco vezes maior que o salário de um trabalhador. E esse, com um salário mínimo, paga a prestação da sua casinha. Então, isso são regalias que tem que tirar. Isso tem que se converter em economias para o país.
O que é mesmo que está lhe movendo a participar do processo político?
R – Eu emprestei meu nome para o Podemos porque acho que reúno experiência e conhecimento para podermos contribuir com uma política justa, honesta, em prol do cidadão.
O senhor acha que o momento é de mudança?
R – Eu acho que a mudança é urgente. Temos que modificar não só os componentes, mas a própria legislação. Para isso, se precisa de pessoas capacitadas para esse exercício.
E como está o Podemos no estado?
R – Por enquanto o partido está trabalhando as nominatas. Até o momento não temos nominata para governo. Mas para a Câmara Federal, Senado e Assembleia Legislativa estamos trabalhando com nomes de gente de expressão em Rondônia. E para presidente, já está definido em favor da pre candidatura do senador Álvaro Dias, do Paraná. E está em estudos as coligações com outros partidos.
O seu momento agora é de se mostrar para a população...
R – É. O momento é de mostrar para a população quem é você e o que você fez. É o que estamos fazendo com essa e outras entrevistas. Procurando chegar até à população para nos mostrar e dizer no que eu posso contribuir e trazer de proveito para a sociedade com minha atuação no Senado da República.
Osmar Silva
Jornalista
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