Vórtice polar: entenda o fenômeno por trás da onda brutal de frio nos EUA
A maior onda de frio dos Estados Unidos dos últimos 34 anos fez, até esta quinta-feira (31), pelo menos doze vítimas. Chicago, cidade do estado do Illinois e terceira mais populosa do país, virou um dos principais símbolos das baixas temperaturas: quem vive ali vem enfrentando termômetros na casa dos -30ºC – algo que motivou os cidadãos locais a apelidarem a cidade de “Chibéria”, em referência ao frio siberiano da região do norte da Rússia.
O caso mais extremo, porém, vem do norte do estado de Minnesota. Em Ponsford, as temperaturas chegam a menos de 54 graus negativos, o que leva a sensação térmica a beirar os 60 graus abaixo de zero. A página do Serviço Nacional do Clima aponta que, das 20 cidades que mais sofreram com o frio, 17 estão no Minnesota.
Segundo informações da rede de TV americana CNN, 216 milhões de americanos foram afetados de alguma forma pela onda de frio, e pelo menos 84 milhões enfrentaram temperaturas negativas no momento mais frio desta quinta-feira (31).
O frio digno do Alasca pode ser explicado por um fenômeno chamado vórtice polar. Ele é resultado de ciclones de baixa pressão formados no Polo Norte, que costumam circular na estratosfera sobre regiões polares nessa época do ano.
O problema é que, desta vez, a ventania gelada foi perturbada por um aquecimento repentino, causado por uma massa de ar quente vinda do Marrocos. O calor inesperado deixou a massa de ar gelado mais instável e a obrigou a se expandir para o sul, espalhando ar frio por onde passa – no caso, o centro-oeste e a costa leste dos Estados Unidos, além do norte do Canadá.
Apesar dos efeitos estarem especialmente evidentes em 2019, o vórtice polar não é um fenômeno desconhecido. Na verdade, ele foi descrito pela primeira vez ainda em 1853.
O frio desproporcional obrigou o sistema de correios a suspender suas atividades em parte dos estados de Illinois, Indiana, Michigan, Ohio, Pensilvânia e Wisconsin. A Cruz Vermelha americana afirmou que precisou cancelar 370 viagens que transportavam doações de sangue desde que a friaca começou para valer. O problema mais bizarro da lista aconteceu, quem diria, em Chicago. Como você pode assistir no vídeo abaixo, a solução para manter o funcionamento adequado das linhas de trem da cidade foi, literalmente, fazê-las pegar fogo.
As labaredas da imagem, na verdade, não vem do metal em si, mas são acesas paralelamente aos trilhos. Com o calor, a ideia é evitar que o material trinque e forme rachaduras, além de derreter qualquer gelo acumulado no caminho dos trens.
A tendência é que as médias de temperatura extremas nas regiões mais afetadas pelo vórtex polar tenham um alívio nos próximos dias – e voltem a cair de novo no fim da próxima semana. Haja gelo.
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